Fonte: : Por Fábio Barros :: Convergência Digital :: 22/02/2011
Depois da seguradora Porto Seguro, que fechou contrato com a TIM e com a Datora, para atuar como uma operadora virtual para seus clientes, outras instituições começam a estruturar seus projetos na área. Um bom exemplo de que ser uma MVNO está na mira das corporações brasileiras é do Banco do Brasil. Ao participar do evento “Operadora Virtual: uma realidade no Brasil”, realizado nesta terça-feira, 22/02, na capital paulista, pela Network Eventos, o gerente executivo de TI da instituição, Angelino Caputo, reconheceu que a instituição está avaliando os potenciais de negócio do modelo.
“Nos parece que o modelo de operadora virtual pode funcionar como uma ferramenta de fidelização dos clientes”, afirma. Caputo acredita ser possível a uma operadora virtual mesclar uma série de serviços – como telefonia, internet banking, supermercados – permitindo agregar valor ao usuário. “Faz todo o sentido misturar as operações. Um banco pode, por exemplo, oferecer vantagens a quem for seu cliente e usar seu celular”, diz, lembrando que o BB deve avaliar o mercado com mais cuidado.
Outra empresa que olha com atenção a possibilidade de se tornar uma operadora virtual é a CPFL (Cia. Paulista de força e Luz). Rodrigo Gosling, gerente de projetos e soluções de negócios de TI da distribuidora, diz que a empresa não pensa em lançar nada agora, mas acredita que este deve ser um caminho inevitável. “Vivemos um momento em que o setor de energia tem sido alavancado pelas telecomunicações, e o smart grid é um bom exemplo”, afirma.
Pontuando a força que a CPFL poderia ter como operadora virtual, o executivo lembra que a companhia conta hoje com cerca de 3 mil pontos de venda em sua região de atuação. Ele explicou que estes pontos hoje recebem contas e vendem cartões pré-pagos. Além disso, por conta do perfil do serviço prestado, Gosling disse conhecer profundamente seus clientes, o que seria uma vantagem competitiva para uma operadora virtual. “Estamos em um momento de prospecção para checar para onde vai o mercado”, diz.
Parceria
Se para as empresas pode ser vantajoso tornar-se uma operadora virtual, também para as operadoras tradicionais o tema chama a atenção. O ponto aqui não é modelo de negócio, mas o tipo de parceria a ser adotada. Eduardo Resende, gerente sênior da TIM, diz que há mais de um ano a operadora vem estudando o assunto e procurando soluções locais. E foi a primeira a ter uma parceria com empresa privada para MVNO.
“Há uma oportunidade de se compartilhar redução de custos operacionais, mas isso terá que ocorrer por meio de parcerias bem amarradas. Não acreditamos em parceiros que canibalizem as operadoras”, afirma. Para Resende, uma parceria que viabilize uma operadora virtual só será vantajosa se elas forem complementares: o parceiro deve operar em mercados de nicho e trazer mais capilaridade para as operadoras convencionais. “Somos proativos em buscar oportunidades de mercado, mas elas têm que atender aos interesses de toda a cadeia”, completa.
Para o executivo, o que vai definir o modelo operacional é o modelo de negócio, e este tem que estar adequado às expectativas da operadora tradicional. “A TIM tem por premissa que uma parceria neste modelo deve ter o menor impacto interno possível. Não podemos onerar nossa operação”, afirma. Ao mesmo tempo, ele lembra que os planos da operadora virtual devem se encaixar nos planos de desenvolvimento de estrutura das enablers. “O roll out de vendas das operadoras virtuais tem que estar casado com o roll out de rede das operadoras”.
Além dos celulares
As empresas que pensam em se tornar operadoras virtuais não devem ter olhos apenas para os telefones celulares. O conselho é de Daniel Fuchs, CIO da Datora, que ao lado da TIM estará à frente da primeira MVNO do mercado, a da Porto Seguro, prevista para ser lançada ainda em 2011, lembrando que 200 milhões de SIM Cards não correspondem a 200 milhões de usuários.
“O potencial de negócio vai além disso. No futuro, as TVs podem sair de fábrica com acesso a internet. Pode ser uma oportunidade para um banco, por exemplo, acoplar ali um dispositivo de internet banking. Há outro mercado, muito maior, para o qual as operadoras virtuais terão que olhar também”, diz.
Maurício Falck, gerente de desenvolvimento de negócios da Amdocs, lembra que esta mudança não afetará apenas usuários e operadoras, mas também as áreas de TI que hoje dão suporte a estas operações. Com o aumento de dispositivos conectados, aumenta a demanda e, por consequência, a necessidade de estruturas que suportem isso. “As áreas de TI terão que aprender a conviver com prazos muito menores, isso porque os sistemas exigidos para integrar operadoras virtuais e tradicionais têm que ser muito mais ágeis”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário