quarta-feira, 31 de julho de 2013

Porto Seguro testará m-payment com NFC

Fernando Paiva

A Porto Seguro estreia esta semana como uma operadora móvel virtual (MVNO, na sigla em inglês). O objetivo principal é fidelizar seus segurados, que hoje somam 8,5 milhões em todo o Brasil e estão concentrados nas classes A e B. Para tanto, a empresa leva para a telefonia celular a mesma estratégia que utiliza no mercado de seguros: foco em qualidade de atendimento e oferta de serviços adicionais. Para se diferenciar, disponibiliza gratuitamente para os assinantes um serviço de localização de familiares e outro de backup e segurança de smartphones. Além disso, oferece uma frota de office boys para a coleta de celulares esquecidos, um smartphone reserva por 30 dias em caso de problema técnico com o aparelho e um assistente para ensinar a configurar um smartphone novo. A Porto Seguro Conecta, como foi batizada, está disponível inicialmente nas cidades paulistas de Santos e Campinas. O plano é chegar ao Rio de Janeiro até o fim do ano e em São Paulo no primeiro trimestre de 2014. Projeta ter 1 milhão de usuários dentro de cinco anos.
"O atendimento ao cliente será no padrão de qualidade da Porto Seguro. Isso será uma grande vantagem competitiva", avalia Tiago Galli, gerente geral da operadora. A outra vantagem são os serviços adicionais. O app de localização, chamado "Conecta Encontra", permite a criação de cercas virtuais que, quando transpassadas por familiares, gera um alerta no celular do assinante. Um exemplo de uso é delimitar áreas em torno da casa e da escola dos filhos para monitorar seu deslocamento. A localização é feita mesmo se o GPS do celular da pessoa monitorada estiver desligado: o app identifica redes Wi-Fi próximas do aparelho, que tampouco precisa estar conectado a elas. O app está disponível para Android e iOS e seu tráfego de dados é gratuito para os assinantes da Conecta.
O app de segurança, por sua vez, se chama "Proteção Conecta", está disponível apenas para Android e foi desenvolvido pela F-Secure. Ele realiza backup automático de contatos, agenda e imagens e permite o bloqueio e a remoção de conteúdo remotamente em caso de perda ou roubo do aparelho.
Galli revela que há muitos outros serviços de valor adicionado no roadmap, inclusive um de mobile payment com NFC que passará por um teste-piloto interno este ano, provavelmente em São Paulo. "Botaremos o número do cartão de crédito dentro de uma carteira digital no celular", explica o executivo.
Assistência
Outro mimo para os assinantes é o Conecta Assist, uma série de serviços extras gratuitos. Um deles consiste em solicitar até três vezes por ano um motoboy para pegar um celular esquecido em algum lugar. Outro é o envio de um especialista até a casa do cliente para configurar um smartphone novo Android, iOS ou Windows Phone. E se o celular quebrar, a Porto Seguro empresta um reserva por 30 dias. Tudo incluído nos planos.
Vendas
A Porto Seguro Conecta não terá lojas próprias. As vendas serão feitas pelos corretores de seguro autorizados, que somam 20 mil no Brasil todo. Em seu portfólio de aparelhos há 19 modelos de smartphones das marcas Apple, LG, Motorola e Samsung. Quem tiver o cartão de crédito Porto Seguro Visa terá desconto de 50% na compra dos modelos iPhone 4S, Galaxy SIII e Galaxy SIII Mini.
Os planos pós-pagos disponíveis são de 200, 400 e 800 minutos, pelos preços de R$ 110, R$ 195 e R$ 350, respectivamente. Todos incluem franquia de dados de 1 GB e pacotes de SMS. Os assinantes ganham descontos na renovação de seguros da Porto Seguro.

terça-feira, 9 de julho de 2013

IBM apresenta o conceito de "cidade cognitiva"

                 

Fernando Paiva

As grandes cidades do futuro estarão repletas de sensores por toda a parte, coletando e analisando dados que fundamentarão decisões de seus gestores. Mais do que cidades inteligentes ou sustentáveis, serão cidades "cognitivas", capazes de se descobrir, de se entender, de aprender consigo mesmas. O conceito foi apresentado por Antonio Carlos Dias, executivo de soluções de governo e de cidades mais inteligentes da IBM, durante o seminário "Metrópole Sustentável", realizado pela FGV no Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 9.
Boa parte dos dados coletadas no dia a dia de uma cidade usarão a rede celular para a sua transmissão até centros de controle para a análise por gestores públicos. E não serão apenas dados gerados por sensores específicos, mas também pelos cidadãos, através de seus telefones móveis. É possível, por exemplo, acompanhar o trânsito de uma grande cidade pelo deslocamento da massa de celulares pelas ruas – sem necessariamente contar com aplicativos móveis como o Waze. Agregando-se os diversos dados coletados e uma modelagem estatística, torna-se possível prever engarrafamentos. "Tempo real não é mais suficiente no trânsito. Os gestores precisam saber com duas horas de antecedência onde vai acontecer um engarrafamento", disse Dias. Segundo o executivo, já existe uma experiência desse tipo em Singapura.
Em tempos de big data, Dias destaca que os dados estruturados serão minoria. A grande maioria serão dados desestruturados, ou seja, dados incertos, providos sem uma frequência, uma origem ou um volume previsíveis.
Urbanização
A necessidade de as cidades se tornarem mais inteligentes é fundamental nos tempos atuais, de intensa urbanização. Em 2007, pela primeira vez havia no mundo mais gente vivendo em cidades do que no campo. Em 2050, estima-se que 70% da população mundial estará vivendo em centros urbanos.
Na América Latina, em 2007, as 198 maiores cidades reuniam 260 milhões de habitantes e um PIB equivalente ao da Índia e da Polônia somados. Dessa lista, as 10 maiores cidades respondiam por 100 milhões de habitantes e 1/3 do PIB da região. Em 2025, essas 198 cidades terão 315 milhões de habitantes e um PIB equivalente a três vezes o da Espanha.
Para Dias, é preciso entender que as tecnologias necessárias para construir cidades cognitivas já existem. "O desafio agora é como aplicar as tecnologias. Faltam processos, falta gente qualificada, falta informação etc", comentou.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Geração distribuída vai explodir no Brasil, diz ex-diretor da Aneel


Segundo Nelson Hubner, GD é oportunidade para país alavancar projetos e desenvolver indústria local

Pedro Aurélio Teixeira, da Agência CanalEnergia, do Rio de Janeiro, Consumidor
01/07/2013
O panorama da geração distribuída no país é promissor. A opinião é de Nelson Hubner, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica e que participou na última sexta-feira, 28 de junho, de Seminário sobe Redes Inteligentes realizado pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, no Rio de Janeiro (RJ). De acordo com Hubner, o grande desafio que ela enfrenta será o de ter uma indústria forte e resolver a logística da instalação. Para ele, as distribuidoras deveriam ocupar logo essa lacuna antes que outras empresas a ocupe. "Ou a própria distribuidora faz a instalação ou alguém vai fazer", afirma.
A definição dos papéis de alguns atores que fazem parte desse processo, como ministérios, agentes financiadores e de mercado também vai determinar a velocidade da implantação do conceito do smart grid no país. O surgimento de indústria local também é vislumbrado por ele.
Para Hubner, as redes inteligentes vão criar um perfil de consumidor mais exigente, que vai querer sempre o melhor serviço e a geração distribuída vai transformá-lo em consumidor e produtor de energia ao mesmo tempo. Ele acredita que as distribuidoras deverão redirecionar sua diretrizes de atuação com base nesses avanços tecnológicos. "Elas deverão mudar o foco do seu negócio, sob pena de serem banidas do mercado", comenta.
Ele lembra que o enfoque dado ao smart grid pelas distribuidoras no Brasil, voltado para o combate às perdas de energia, é diferente do adotado pela Europa, que viu a rede inteligente vir na esteira da redução de CO2, da geração distribuída e da redução do consumo de energia. “Em outros países, o foco não é a qualidade, como no Brasil, porque eles já resolveram isso". Ele cita a Itália como exemplo, que trocou todos os seus medidores e teve uma expressiva redução nos custos com a transmissão e a distribuição.
O ex-diretor da Aneel colocou como desafio nesse tema a execução de ações como a implantação dos medidores eletrônicos e a automação das redes sem que haja impacto na tarifa. Ele classificou como fundamental que se coloque "inteligência na rede", para que elas estejam no mesmo patamar de qualidade da geração de energia e da transmissão.
A necessidade de modernização da distribuição pelo smart grid no país é reforçada pelo ex-diretor da Aneel quando ele faz uma comparação com o setor de telecomunicações, que com o passar do tempo conseguiu se desenvolver e modernizar-se no Brasil, criando ainda uma indústria local, o que ainda não aconteceu com a distribuição, que exibe instalações e equipamentos concebidos décadas atrás.

Ao lembrar o processo que culminou na criação da resolução 502/ 2013, que regulamentou a instalação dos medidores eletrônicos, Hubner justificou a decisão da agência de que os medidores seriam instalados apenas mediante a solicitação do consumidor. Para alguns agentes, esse modelo de negócio não permite o deslanche dos aparelhos. Uma decisão diferente não beneficiaria a indústria local. "Se a Aneel determinasse um prazo para a instalação dos medidores, apenas medidores chineses seriam comprados", ressalta.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Modelo de operadora móvel virtual não decola


Por Ivone Santana | De São Paulo
Wilson Otero, da Porto Seguro/Datora: rede da TIM para atender clientes
Três anos atrás, o modelo das operadoras móveis de redes virtuais parecia uma boa proposta para o país aumentar a competitividade na telefonia. Qualquer empresa pode ser uma MVNO: basta alugar infraestrutura das grandes operadoras para oferecer aos usuários. Exatamente por essa facilidade, o modelo despertou polêmica até 2010, quando foi regulamentado no país. As teles tradicionais reclamavam que tinham de investir pesadamente em redes das quais outras empresas se aproveitariam mais tarde. Para muitas autoridades, esse argumento era apenas uma maneira de impedir mais competição. Agora, a sensação é de que houve muito barulho por nada.
A expectativa original era que até o fim de 2012 cem pedidos de MVNO tivessem sido encaminhados à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas só quatro empresas solicitaram licenças até agora. Dessas, apenas a Porto Seguro Conecta entrou em operação. Os serviços começaram no início do ano, e a empresa encerrou o semestre com 90 mil chips ativados.
Para parte do mercado, o cenário mostra que a tentativa foi um fracasso. Essa é avaliação de uma alta autoridade do governo, que prefere não ser identificada. Outros, no entanto, são menos enfáticos e preferem dizer que a "adesão está mais lenta que a esperada".
O lançamento de três operadoras virtuais está programado para este ano: Datora, Sisteer e Terapar. Outras seis empresas, entre as quais os Correios, estão em meio ao processo para se habilitarem ao serviço antes de formalizar o pedido de licença - como requer a regulamentação -, com previsão de serem ativadas até 2014.
Mesmo com dez licenças de operações virtuais, o país atingirá apenas 10% da meta prevista pela Anatel e pelo Ministério das Comunicações, que fizeram um longo trabalho de prospecção e visitaram empresas em outros países antes de criar o modelo brasileiro.
As coisas, porém, não correram dentro do esperado. Problemas na definição de como o serviço seria tributado e atrasos na regulamentação do Plano Geral de Metas de Competição, além de normas estabelecidas posteriormente, refrearam o ânimo dos interessados.
A projeção, agora, é bem mais modesta, embora poucos se sintam à vontade em fazer novas previsões. A consultoria espanhola Everis, que responde por projetos de MVNO em vários países, foi uma das companhias que estimou, em 2010, que poderia haver mais de cem pedidos de licença para o serviço no Brasil. Agora, o sócio Marco Galaz revisou seus cálculos para o Valor. Em vez de um número fechado de competidoras, a expectativa é que, em cinco anos, as empresas de rede virtual poderão representar de 5% a 10% do mercado, em número de usuários.
O estudo anterior da Everis, que está presente em 13 países, tomou por base o histórico do serviço na Europa, basicamente da Espanha, onde as redes virtuais se expandiram fortemente, embora tenham passado, posteriormente, por uma consolidação. Hoje, restam no máximo 15 empresas virtuais no país. No Brasil, a complexidade regulatória e a bitributação do serviço, dependendo do contrato, adiaram a entrada das novas empresas, disse Galaz. Segundo ele, existem cerca de mil MVNOS em operação no mundo. Nos EUA e na Europa, essas empresas detêm de 5% a 7% de participação de mercado. Na América Latina há 20 operações em funcionamento, o equivalente a 0,05% do mercado.
"Só agora estamos conseguindo resolver o caso da bitributação nas duas partes [operadora de origem e virtual]", disse o presidente da Anatel, João Rezende. Coube ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) realizar estudos sobre o assunto e ver a maneira mais justa de se recolher ICMS, PIS e Cofins, para não onerar o serviço ao usuário. A questão não foi prevista na regulamentação.
A Conecta não teve problema com impostos. Se contratasse todo o serviço de uma tele tradicional, a companhia estaria sujeita à bitributação. Em vez disso, a Conecta contratou apenas a frequência da TIM, passando a oferecer serviços próprios. "Com isso, não há bitributação", disse Wilson Otero, representante dos acionistas da Datora Telecom na Conecta. A Datora detém 19,9% da Conecta e a Porto Seguro Serviços, 80,1%.
"De fato, esperávamos um grande sucesso de MVNO, mas o ritmo foi mais lento que o esperado", disse Miriam Wimmer, diretora do departamento de serviços de universalização de telecomunicações do Ministério das Comunicações. "Mas não atribuímos isso só à questão tributária, apesar de ela ser relevante."
Miriam discorda, no entanto, que o modelo tenha fracassado. "É ainda incipiente, mas com grande potencial. Temos feito esforços para torná-lo mais atraente", disse.
Um dos exemplos disso é que na licitação da faixa de frequência de 2,5 gigahertz (GHz), destinada a 4G, e 450 megahertz (MHz), para áreas remotas e rurais, no ano passado, uma das obrigações das empresas vencedoras foi propor aceitar uma MVNO.
Greg Descamps, sócio da Sisteer na América Latina e executivo-chefe da Sisteer do Brasil, também não fala em fracasso, mas no que define como uma "decolagem lenta".
A questão tributária gerou dúvidas porque há dois modelos diferentes de licença para MVNO, com tributação distinta. O credenciado é um representante comercial, não é prestador de serviço de telecomunicação, então se enquadra no regime tributário geral, diz o ministério, portanto sem ICMS, embora a decisão seja dos órgãos competentes. O autorizado, ao contrário, é uma empresa de telecomunicações que tem uma outorga da Anatel e se envolve em duas prestações de serviços, por isso surgiu uma discussão sobre uma possível compensação do imposto.
No caso de telecomunicações, há o convênio ICMS 126/2008 que estabelecia que só incidiria ICMS no preço do serviço cobrado do usuário, uma regra sem cumulatividade, segundo Miriam. Em abril, o convênio foi alterado. Desde então, o ministério avalia os impactos dessa mudança, sem conclusão até o momento. "Não cabe ao Ministério das Comunicações estabelecer as implicações da política tributária. Nosso papel é facilitar para que os modelos de negócios deslanchem, para que haja diálogo entre o setor privado e os órgãos fazendários, de municipal a federal", disse Miriam.
Para a TelComp, organização que representa 42 operadoras de todos os portes, algumas propostas poderiam estabelecer um modelo mais eficiente: simplificar a regulamentação, com apenas um tipo de licença; criar um mercado de atacado de minutos, em que as donas de rede tivessem que participar; desonerar os impostos das operadoras de origem, que poderiam oferecer preços menores às MVNOs, as quais pagariam os impostos. "É como atua toda cadeia produtiva de vários setores; faz o diferimento, para não haver cumulatividade e empurra os impostos para o fim da cadeia, o que evita duplicidade", disse João Moura, presidente da TelComp.
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