Nos próximos dois anos, o mercado brasileiro terá de 40 a 50 operadoras móveis virtuais (MVNO, sigla em inglês de mobile virtual network operator) em atividade. É o que aposta um especialista no setor, Liudvikas Andriulis, diretor de Marketing da companhia belga Effortel, responsável por MVNOs de sucesso na Bélgica, na Polônia, na Itália e em Taiwan. Participante do Amdocs InTouch Business Forum 2011, congresso realizado no mês passado em Miami (EUA), Liudvikas falou sobre a chegada das empresas ao Brasil.
Segundo o executivo, por mais que pareça um exagero, o número é compatível com o tamanho do mercado brasileiro. "O Brasil tem muito potencial devido à diversidade observada no país. Há muitos estrangeiros e muito dinheiro circulando por lá", avaliou.
Esse dinamismo observado por Andriulis é justamente o que as operadoras móveis virtuais procuram. Elas atuam em nichos específicos, aproveitando segmentos pouco atraentes para as grandes empresas. O modelo de negócio está baseado no aluguel da infraestrutura existente de outras companhias do setor, como antenas, rádios, torres, cabos de fibras, frequência e equipamentos necessários para a comunicação dos usuários.
A aprovação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), no fim do ano passado, deu o sinal verde para a entrada no Brasil das MVNOs, já conhecidas no exterior. Com isso, grandes marcas, como instituições bancárias e empresas de varejo, poderão passar a vender seus próprios aparelhos e planos diretamente para os clientes. Porém, mais do que acirrar a competição pela melhor tarifa, essas marcas pretendem usar o celular como uma nova ferramenta de fidelização de usuários.
Liudvikas citou exemplos de como o modelo está sendo usado no exterior pelo Carrefour. Com o chip vendido nas lojas da rede, o custo de adicionar um cliente é praticamente zero. No momento da compra, o consumidor ainda pode ganhar créditos de minutos dependendo do valor da compra. "As pessoas acabam levando mais algumas coisas para ganhar mais minutos", assegurou.
Números
Hoje, existem aproximadamente 700 operadoras móveis virtuais em atividade no mundo, que correspondem a 2% do número total de usuários de celular. Comandada pelo bilionário britânico Richard Branson, o grupo Virgin anunciou que terá uma MVNO no Brasil. O país é o foco número um das operações da companhia na América Latina, que será montada em parceria com a Tribe Mobile e consumirá investimentos de US$ 300 milhões nos próximos cinco anos.
De acordo com o presidente da Tribe Mobile, Phil Wallace, a atuação no Brasil só deve se concretizar em 2012. Antes, a empresa precisa obter as licenças na Anatel e fechar uma parceria que proporcionará a infraestrutura de serviços. Pelas regras do segmento, só podem atuar no país empresas que firmem contratos com as companhias que já atuam no mercado, como Vivo, TIM, Claro e Oi.
Do Estado de Minas
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