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A tecnologia de comunicação de dados sem fio WiMAX, que
até o final da década passada rivalizava com o LTE como padrão para a quarta
geração de serviços móveis, pode ter saído do radar das operadoras de telecomunicações,
mas não do das empresas de energia. E mais, ela pode ser a base de um grande
backhaul de dados das utilities, o que é essencial para o desenvolvimento
das smartgrids (redes de energia inteligentes, com capacidade de comunicação
bidirecional) e pode abrir novas oportunidades de negócio para as empresas
do setor elétrico. Na semana passada, representantes do WiMAX Forum estiveram
no Brasil em uma delegação que reunia empresas de energia como CPFL, Eletropaulo,
EDP, Cemig e fabricantes como GE, Cisco e outras para apresentar o conceito
a autoridades da Anatel e Aneel. O foco do WiMAX Forum é convencer o governo
que a reserva feita no espectro de 2,5 GHz para serviços públicos é perfeita
para o desenvolvimento dessa nova plataforma de dados no Brasil. Recorde-se
que no edital de venda das faixas de 2,5 GHz para a quarta geração de serviços
móveis, a Anatel reservou 15 MHz do espectro (faixa T) para uso público.
Mas até agora o governo não disse o que pretende fazer com esse espectro,
que precisa necessariamente ser usado por uma tecnologia não-pareada, ou
seja, alguma tecnologia TDD. Pode ser o TD-LTE ou o WiMAX.
Cidades digitais
Segundo Declan Byrne, presidente do WiMax Forum, a receptividade
do governo ao modelo apresentado pela comitiva foi positivo, sobretudo
porque abre a possibilidade de que municípios, que terão direito ao uso
dessas faixas, façam parcerias com empresas de energia para viabilizar
projetos de cidades digitais. Ele mostrou experiências internacionais de
uso do WiMAX em redes de capacidade industrial, incluindo setores de energia,
petróleo, mineração, transporte de carga e aviação. "Definitivamente,
o WiMAX vai ser cada vez menos importante para as empresas de telecomunicações,
mas cada vez mais relevante para esses outros setores, que precisam de
capacidade de telecomunicações", diz Byrne.
No caso das empresas de energia, a maior parte dos projetos
está casado com a implementação das smartgrids. "O caminho que alguns
países como Austrália, Canadá, EUA, Japão e Coreia estão seguindo é dotar
os smartmeters (medidores de energia) com capacidade de comunicação a uma
rede WiMAX e, ao mesmo tempo, capazes de criar uma rede Mesh ao consumidor",
disse. O WiMAX funcionaria como backhaul e outras soluções de acesso, eventualmente
Wi-Fi, seriam usadas para a última milha.
Faixa adequada
"Já existem alguns milhões de smartmeters funcionando
no mundo com esse modelo", disse. No entendimento do WiMAX Forum,
não haveria impedimentos regulatórios ao desenvolvimento desse modelo no
Brasil, mas seriam necessárias algumas adaptações na estrutura das empresas.
As faixas em que as utilities de energia e outros setores estão utilizando
o WiMAX variam de país para país, mas 2,3 GHz, 3,6 GHz e 1,8 GHz são comuns.
No caso do 2,5 GHz, já há um forte ecossistema desenvolvido. No passado,
o WiMAX Forum advogava pela liberação da faixa de 3,5 GHz também, mas nesse
momento a entidade acha que ela seria menos aconselhada, porque envolve
mais custos e porque pode interferir em serviços de radiodifusão por satélite.
"A faixa de 3,5 GHz é a mais comum para WiMAX no mundo, mas isso está
mudando".
O WiMax Forum acredita que uma política pública que busque
o desenvolvimento desse mercado no Brasil terá potencial de influenciar
na adoção da tecnologia em vários outros mercados da América Latina. Nos
próximos meses, a entidade repetirá visitas ao Brasil para reforçar o conceito.
Segundo Byrne, as empresas de energia já estão olhando atentamente para
o uso do WiMAX e veem a tecnologia como uma forte candidata a prover conectividade
para os cerca de 70 milhões de medidores inteligentes que terão que ser
implementados no Brasil nos próximos cinco anos. |
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