Segundo Nelson Hubner, GD é oportunidade para país alavancar projetos e desenvolver indústria local
Pedro Aurélio Teixeira, da Agência CanalEnergia, do Rio de Janeiro, Consumidor01/07/2013
O panorama da geração distribuída no país é promissor. A opinião é de Nelson Hubner, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica e que participou na última sexta-feira, 28 de junho, de Seminário sobe Redes Inteligentes realizado pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, no Rio de Janeiro (RJ). De acordo com Hubner, o grande desafio que ela enfrenta será o de ter uma indústria forte e resolver a logística da instalação. Para ele, as distribuidoras deveriam ocupar logo essa lacuna antes que outras empresas a ocupe. "Ou a própria distribuidora faz a instalação ou alguém vai fazer", afirma.
A definição dos papéis de alguns atores que fazem parte desse processo, como ministérios, agentes financiadores e de mercado também vai determinar a velocidade da implantação do conceito do smart grid no país. O surgimento de indústria local também é vislumbrado por ele.
Para Hubner, as redes inteligentes vão criar um perfil de consumidor mais exigente, que vai querer sempre o melhor serviço e a geração distribuída vai transformá-lo em consumidor e produtor de energia ao mesmo tempo. Ele acredita que as distribuidoras deverão redirecionar sua diretrizes de atuação com base nesses avanços tecnológicos. "Elas deverão mudar o foco do seu negócio, sob pena de serem banidas do mercado", comenta.
Ele lembra que o enfoque dado ao smart grid pelas distribuidoras no Brasil, voltado para o combate às perdas de energia, é diferente do adotado pela Europa, que viu a rede inteligente vir na esteira da redução de CO2, da geração distribuída e da redução do consumo de energia. “Em outros países, o foco não é a qualidade, como no Brasil, porque eles já resolveram isso". Ele cita a Itália como exemplo, que trocou todos os seus medidores e teve uma expressiva redução nos custos com a transmissão e a distribuição.
O ex-diretor da Aneel colocou como desafio nesse tema a execução de ações como a implantação dos medidores eletrônicos e a automação das redes sem que haja impacto na tarifa. Ele classificou como fundamental que se coloque "inteligência na rede", para que elas estejam no mesmo patamar de qualidade da geração de energia e da transmissão.
A necessidade de modernização da distribuição pelo smart grid no país é reforçada pelo ex-diretor da Aneel quando ele faz uma comparação com o setor de telecomunicações, que com o passar do tempo conseguiu se desenvolver e modernizar-se no Brasil, criando ainda uma indústria local, o que ainda não aconteceu com a distribuição, que exibe instalações e equipamentos concebidos décadas atrás.
Ao lembrar o processo que culminou na criação da resolução 502/ 2013, que regulamentou a instalação dos medidores eletrônicos, Hubner justificou a decisão da agência de que os medidores seriam instalados apenas mediante a solicitação do consumidor. Para alguns agentes, esse modelo de negócio não permite o deslanche dos aparelhos. Uma decisão diferente não beneficiaria a indústria local. "Se a Aneel determinasse um prazo para a instalação dos medidores, apenas medidores chineses seriam comprados", ressalta.
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