:: Convergência Digital :: 13/11/2013
O
governo há anos tateia números e estudos com o objetivo de construir
uma política pública para as redes inteligentes de energia elétrica, no
mais das vezes tratadas pelo termo em inglês smart grid. Ela ainda não
existe, mas começa a circular a ideia de financiar a troca de
equipamentos via BNDES com juros amigáveis. Em troca, nada de impacto
nas tarifas de eletricidade.
Os termos dessa estratégia estão sendo costurados
pelas secretarias de inovação e de desenvolvimento da produção, ambas do
Ministério do Desenvolvimento. Segundo o titular da primeira, Nelson
Fujimoto, ao viabilizar os créditos pelo banco de fomento, a política
sai amarrada à indução do uso de equipamentos nacionais na modernização
das redes das distribuidoras de energia.
Não é pouca coisa. Nas contas do governo são
necessários US$ 32 bilhões – ou mais de R$ 70 bilhões em dinheiro de
2013 – para promover toda a substituição dos equipamentos necessários,
desde os switches aos 74 milhões de medidores de energia residenciais,
comerciais e industriais do país. É uma operação que envolve nada menos
do que 63 concessionárias de distribuição de energia.
Nessa linha, o BNDES ofereceria o dinheiro para as
‘redes inteligentes de energia’ em condições especiais – na prática,
pelo sistema de equalização de juros, no qual o Tesouro cobre a
diferença entre a taxa subsidiada e a praticada pelo mercado. O objetivo
é incentivar as distribuidoras a comprarem e instalarem os novos
equipamentos.
“Existe um grande mercado de equipamentos. Se não
agirmos de forma integrada, podemos gerar ainda mais problemas para a
balança do setor eletroeletrônico. Com o BNDES, damos o incentivo e
amarramos os créditos à compra de equipamentos nacionais”, argumenta o
secretario Nelson Fujimoto. “Daí que isso tem que caminhar paralelamente
à uma nova PPB”, completa.
Significa, portanto, que também está sendo
preparado esse Processo Produtivo Básico voltado a equipamentos
necessários ao smart grid. Por isso a lógica de usar o BNDES, que induz o
uso dos recursos à compra de aparelhos com PPB. O plano ainda não foi
combinado com a Fazenda, mas esse pode nem ser o maior nó para que ele
se materialize.
Acontece que as distribuidoras tendem,
naturalmente, a insistir que os aportes necessários ao smart grid sejam
compensados nas revisões tarifárias. “O problema é o ressarcimento
desses investimentos”, lembra o secretario de Energia Elétrica do
Ministério de Minas e Energia, Ildo Grudtner. Não por menos, explica
ele, “ainda estamos estudando o custo-benefício” das redes inteligentes.
Para o MDIC, a solução via BNDES poderia endereçar
também essa questão. Como o objetivo é não repassar os investimentos às
contas de luz, a lógica seria a de que os benefícios vieram na forma
daqueles juros subsidiados. No mais, a tendência é de que o smart grid
seja efetivamente um investimento que se paga, especialmente, no caso
brasileiro, pela redução das ‘perdas não técnicas’, jargão para o furto
de energia, que a depender da distribuidora chega a 30%.
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