domingo, 21 de junho de 2015

Como o Carro Autônomo do Uber Vai Destruir 10 Milhões de Empregos e Redefinir a Economia em 2025



O mais excitante serão as novas invenções, descobertas e a criação de indústrias inteiras que ainda não podemos nem imaginar




Traduzido com a permissão do autor.

Passei um tempinho ultimamente pensando em carros autônomos e queria resumir minhas ideias e predições. A maioria das pessoas — inclusive os especialistas — parece pensar que a transição para os veículos sem motorista virá lentamente ao longo das próximas décadas, e que existem grandes obstáculos para sua adoção generalizada. Acredito que isso é significativamente subestimado. Carros autônomos serão comuns em 2025 e quase um monopólio em 2030; e a mudança radical que trarão vai eclipsar todas as outras inovações que nossa sociedade tem experimentado. Vão causar desemprego sem precedente e uma reestruturação fundamental na nossa economia, economizar milhões de horas de aumento de produtividade e criar novas indústrias inteiras que não podemos sequer imaginar com base no nosso atual ponto de vista.
A transição já está começando. Elon Musk, CEO da Tesla Motors, diz que seus carros serão capazes de autopilotagem por 90% do tempo a partir deste ano. E as grandes montadoras não estão muito atrás. De acordo com a Bloomberg, os modelos de 2017 da GM contarão com “tecnologia que assume o controle da direção, aceleração e frenagem em velocidades de 112 km/h em rodovias ou no andar-e-parar de um congestionamento”. Tanto oGoogle quanto a Tesla preveem que veículos totalmente autônomos estarão disponíveis para o consumidor em 2020, o que Musk descreve como “verdadeira pilotagem autônoma onde você poderá, literalmente, entrar no carro, dormir e acordar no seu destino”.

Como isso vai acontecer


Os especialistas do setor pensam que os consumidores vão lentamente começar a comprar carros autônomos, mas mesmo que isso seja verdade, é errado supor que isso impedirá a transição. Uma pesquisa da Morgan Stanley mostra que os carros são dirigidos por apenas 4% do tempo, um desperdício surpreendente considerando que o custo médio anual para manter um seja de US$ 9 mil. Depois de uma casa, o carro é o segundo item mais caro que a maioria das pessoas nunca vai comprar — , e não é nenhuma surpresa que serviços de compartilhamento de carona ou de carro como o Uber e Zipcar estejam rapidamente ganhando popularidade como uma alternativa à aquisição de um carro. Hoje é mais econômico usar esses serviços se você mora em uma cidade e dirige menos de 16 mil quilômetros por ano. O impacto sobre o número de veículos particulares é enorme: um estudo da UC-Berkeley mostra que o custo de manutenção de um veículo cai pela metade entre os usuários que compartilham carona. Os compradores de carro do futuro não será você nem eu: serão as empresas que operam serviços de compartilhamento de carona ou de carro.
Uma pesquisa atual confirma que todos estariam ansiosos para usar carros autônomos se eles já estivessem disponíveis. Nos Estados Unidos, um total de 60% dos adultos entrevistados responderam que usariam um carro autônomo e quase 32% disseram que não continuariam dirigindo se um carro autônomo estivesse disponível. Mas ninguém está mais animado do que o Uber: seus motoristas ficam com pelo menos 75% do valor pago pelo passageiro. Não foi nenhuma surpresa quando o CEO Travis Kalanickdeclarou recentemente que o Uber vai substituir todos os seus motoristas por carros autônomos.
Estudo da Columbia University sugere que o Uber conseguiria substituir todos os táxis de Nova York com uma frota de 9 mil carros autônomos — na média, os passageiros iriam esperar 36 segundos para um passeio de 50 centavos de dólar a cada 1,6 km. Tamanha conveniência e baixo custo tornará inconcebível a propriedade de um carro, enquanto os táxis autônomos sob demanda — o “transporte em nuvem” — rapidamente se tornará a forma dominante de transporte: além de deslocar muito mais gente, vai também manter a maioria dos usuários longe do transporte público. Com uma avaliação de US$ 41 bilhões, a substituição de todos os 171 mil táxis dos Estados Unidos fica dentro do viável para o Uber: com um custo de US$ 25 mil por carro, custaria apenas US$ 4,3 bilhões.

A queda


Os efeitos da adoção dos veículos autônomos serão espantosos. APricewaterhouseCoopers prevê que o número de veículos na estrada será reduzido em 99%, com a frota caindo de 245 milhões para apenas 2,4 milhões de veículos.
A disrupção não é amável com seus competidores entricheirados: assim como Blockbuster, Barnes & Noble, Polaroid e dezenas de outros como eles, é improvável que grandes montadoras como GM, Ford e Toyota vão sobreviver à inovação. Elas se orientam para produzir milhões de carros com diferentes variações para atender a gostos individuais, ficando sobrecarregadas para sustentar uma diminuição dramática de vendas. Acho que a maioria terá falido em 2030, enquanto montadoras-startups como a Tesla vão prosperar com um número menor de vendas para operadores como Uber, oferecendo modelos padronizados e menos opções.
Indústrias subordinadas à do automóvel, como os US$ 198 bilhões do mercado de seguro de veículos, os US$ 98 bilhões do mercado de financiamento de veículos, os US$ 100 bilhões do mercado de estacionamentos e os US$ 300 bilhões de reposição de peças e manutenção, entrarão em colapso enquanto a demanda por esses serviços evaporar. Assistiremos à obsolescência das empresas de aluguel de carros, sistemas de transporte público e — que vá com Deus! — multas. Mas veremos uma transformação que irá além do transporte de pessoas: veículos semi-autônomos como ônibus, tratores e caminhões substituirão a necessidade de motoristas profissionais além do suporte da indústria em torno deles.
Bureau of Labor Statistics lista 884 mil pessoas trabalhando na fabricação de motores e peças, com mais 3 milhões empregados na rede de concessionárias e serviços. Caminhões, ônibus, entrega e motoristas de táxis respondem por 6 milhões de motoristas profissionais empregados. Praticamente todos esses 10 milhões de empregos serão eliminados entre 10 e 15 anos, e essa lista não deve se esgotar aqui.
Mas apesar da perda de emprego e da destruição em massa de indústrias, a eliminação da necessidade de comprar um carro vai render mais de US$ 1 trilhão de renda adicional disponível — o que vai inaugurar uma era sem precedentes de eficiência, inovação e criação de empregos.

Uma visão do futuro


O Morgan Stanley estima que uma redução de 90% em acidentes pouparia cerca de 30 mil vidas e preveniria mais de 2 milhões de lesões anualmente. Carros sem motorista não precisam estacionar: manobras na rua em busca de vagas para estacionar são responsáveis por espantosos 30% do tráfego da cidade, para não dizer que usar o espaço destinado para estacionar ao lado da calçada acrescenta uma faixa extra na capacidade das ruas da cidade. O congestionamento vai se tornar inexistente, salvando todo ano 38 horas para cada transeunte — quase uma semana inteira de trabalho. Com estacionamentos, garagens, concessionárias e estações de ônibus se tornando obsoletos, dezenas de milhões de quilômetros quadrados de terrenos e imóveis vão estimular um explosivo desenvolvimento metropolitano.
O impacto ambiental dos carros autônomos tem o potencial de reverter a tendência de aquecimento global e reduzir drasticamente nossa dependência de combustíveis fósseis. Carros de passeio, SUVs, utilitários e minivans respondem por 17,5% das emissões de gases do efeito estufa — uma redução de 90% dos veículos em operação iria reduzir nossas emissões globais em 15,9%. Como a maioria dos carros autônomos tende a ser elétricos, podemos praticamente eliminar os 508 milhões de litros de gasolina usados todo ano apenas nos Estados Unidos. E mesmo que a reciclagem de 242 milhões de veículos exija recursos substanciais, o excedente de matérias-primas diminuirá a necessidade de mineração.
Mas o mais excitante para mim serão as novas invenções, descobertas e a criação de indústrias inteiras que ainda não podemos nem imaginar.
Sonho com um transporte em nuvem: quase instantaneamente disponível, viagens ponto-a-ponto. Ambulâncias que chegam ao local em questão de segundos. Um sistema amplo de distribuição de energia elétrica para carros. A integração do centro com os bairros torna-se rápida e indolor. Melhoraria dramaticamente a mobilidade para os deficientes. Alugar sob demanda qualquer coisa que você pode imaginar. O fim dos Detrans!
É emocionante estar vivo, não é?

Zack Kanter é empreendedor, futurista, palestrante, escritor, fundador de algumas startups, chefe de cozinha amador e nerd em geral.

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