Com atraso de mais de uma década, começam a chegar ao país as primeiras operadoras móveis virtuais
Fonte: André Faust, da EXAME
Dos primeiros tijolões ao iPhone, o passar do tempo trouxe avanços aos aparelhos. O mesmo, porém, dificilmente pode ser dito sobre os serviços de telefonia móvel. No Brasil, como em boa parte do mundo, operadoras de celular estão entre as empresas que mais recebem reclamações de consumidores — somente no Reclame Aqui, site que registra queixas contra 25 000 empresas no Brasil, as quatro maiores operadoras somaram juntas 38 000 reclamações no último ano.
Poucos setores têm a imagem tão desgastada — e tão pouca percepção de distinção entre concorrentes. Para os insatisfeitos, porém, há uma boa notícia. Uma resolução aprovada em novembro pela Anatel, agência reguladora do setor, promete mudar a cara do setor no país. Em breve, a contratação de serviços de telefonia móvel poderá ocorrer não apenas em shoppings e lojas especializadas mas também em supermercados, bancos, farmácias e lojas de departamentos.
Com atraso de mais de uma década em relação a países da Europa e dos Estados Unidos, as operadoras móveis virtuais, ou MVNOs, estão liberadas para atuar no Brasil. Grosso modo, uma MVNO é uma empresa que oferece serviços de telefonia móvel como uma operadora, mas que não possui licença própria de espectro. Para funcionar, essas companhias adquirem grandes volumes de voz e dados das operadoras — capacidade que depois é repassada, com novas embalagens e novos preços, a seus clientes.
Pioneirismo
Com 3,5 milhões de clientes, a Porto Seguro é uma das maiores seguradoras do país. A companhia é também um dos grandes compradores de serviços de telefonia móvel no Brasil. Todos os anos, entre chamadas recebidas e realizadas, a Porto Seguro contabiliza mais de 20 milhões de ligações; diariamente, mais de 500 000 veículos são rastreados por chips através de redes de celular. Suprir necessidades internas da empresa foi a motivação natural para o lançamento, programado para o segundo semestre deste ano, daquela que será a primeira operadora móvel virtual do país.
Com investimentos de 70 milhões de reais e um contrato de aluguel da rede da TIM, a Porto Seguro Telecomunicações nasce com a meta de chegar a 1 milhão de usuários em três anos. “Queremos clientes que usam muito o celular, mas que queiram um serviço diferente”, diz Fábio Luchetti, vice-presidente executivo da empresa.
Para atingir a meta, mais de 23 000 corretores espalhados pelo país oferecerão chips de celular à base de clientes. Uma das principais estratégias do novo negócio é transferir parte da experiência adquirida em pós-venda no negócio de seguros para a MVNO. Pacotes e produtos estão em fase de estudos, mas a ideia é oferecer serviços hoje relegados pelas grandes operadoras — o rastreamento de veículos via SMS, por exemplo. Pelo modelo, ainda, o uso do celular poderá ser revertido em benefícios aos clientes, como descontos na renovação do seguro. “Acreditamos que podemos agregar valor dentro do sistema de telefonia celular”, diz Luchetti.
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