domingo, 13 de maio de 2012

mart Grid: Sem incentivos do Governo, migração não decola no Brasil

:: Ana Paula Lobo
:: Convergência Digital :: 11/05/2012

Somente as distribuidoras com capacidade de investimento e que querem minimizar as perdas com fraudes estão adotando os medidores inteligentes no Brasil. Este é o caso da Light, do Rio de Janeiro, que terá 100 mil pontos instalados até o final deste ano. A maior parte deles em comunidades carentes pacificadas e onde havia o maior índice de perdas.

O Brasil, aponta Geraldo Guimarães, vice-presidente para a América Latina da Elster - fornecedora selecionada pela Light - soma, hoje, cerca de 1 milhão de medidores inteligentes ativos, num mercado estimado em 650 milhões. Para Guimarães, a Aneel, agência reguladora do setor elétrico, e o Governo, estão desalinhados e essa descoordenação retarda o uso da tecnologia.

"Os ministérios envolvidos com o smart grid - Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia e Fazenda - vão ter que se posicionar e, certamente, haverá que se pensar em medidas de desoneração para popularizar o smart grid. As concessionárias de energia não têm como financiar o custo integralmente e a presidenta Dilma já disse que não quer repassar esse custo para o consumidor. Para acelerar o processo, desoneração fiscal será necessária tanto para as redes como para a própria produção dos medidores", salienta Guimarães, em entrevista exclusiva ao portal Convergência Digital.

A Elster - que tem tecnologia 100% nacional e fábricas em Porto Alegre e Minas Gerais - é uma das fornecedoras interessadas em ampliar o uso do smart grid no país. E será a fornecedora dos medidores inteligentes que a Light, com atuação no Rio de Janeiro, planeja instalar até dezembro.

Hoje já há 20 mil estações de medição ativas nas comunidades de Tabajara, Cabritos e Borel, que foram pacificadas com UPPs. "O índice de fraudes na energia é muito elevado, em torno de 23%, 24%, e quem está investindo em smart grid, hoje, o faz para minimizar o prejuízo. O verdadeiro smart grid, com outras aplicações, ainda não existe no Brasil", conta Guimarães.

Smart Grid é uma tecnologia que está na rota dos investidores e no Brasil não é diferente. Segundo o vice-presidente da Elster, grandes fornecedores estrangeiros, entre eles, a GE e a Toshiba, retomaram seus negócios no país e há outros interessados em explorar os negócios na área.

"O Brasil é a bola da vez e smart grid também é. No nosso caso, temos a vantagem concorrencial de já termos nossas soluções certificadas pelo Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Esse é um processo que leva, em média, quase um ano", afirma Guimarães.

Desenvolvida e fabricada no Brasil, a solução para o uso do medidor inteligente da Elster permite que concessionárias de energia implantem até 12 medidores de energia monofásicos em uma unidade, que é tipicamente instalada no topo de um poste de energia, próximo ao transformador, para prevenir o acesso não autorizado ao equipamento.

Possui ainda revestimento de aço inoxidável seguro para qualquer clima e a tecnologia de medição embarcada tem amplas funções de autodiagnostico que conseguem identificar alterações, fraudes ou operações irregulares e, imediatamente, alertar a concessionária. Equipado com uma comunicação de radiofrequência (RF) Mesh e recursos de rede, a solução permite também realizar medições e cortes e religações à distância.

"Aqui há um outro desafio para as concessionárias: Investir em infraestrutura de telecom. As redes das teles não têm como garantir a qualidade e a transmissão dos dados em tempo real para os centros de monitoramento. Esse é um problema que terá de ser resolvido o quanto antes para massificar os medidores inteligentes e o smart grid", acrescenta o vice-presidente da Elster. Como é listada na Bolsa de Nova York, a Elster não revela valores de investimentos.

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