mart Grid: Sem incentivos do Governo, migração não decola no Brasil
:: Ana Paula Lobo
::
Convergência Digital
:: 11/05/2012
Somente
as distribuidoras com capacidade de investimento e que querem minimizar
as perdas com fraudes estão adotando os medidores inteligentes no
Brasil. Este é o caso da Light, do Rio de Janeiro, que terá 100 mil
pontos instalados até o final deste ano. A maior parte deles em
comunidades carentes pacificadas e onde havia o maior índice de perdas.
O
Brasil, aponta Geraldo Guimarães, vice-presidente para a América Latina
da Elster - fornecedora selecionada pela Light - soma, hoje, cerca de 1
milhão de medidores inteligentes ativos, num mercado estimado em 650
milhões. Para Guimarães, a Aneel, agência reguladora do setor elétrico, e
o Governo, estão desalinhados e essa descoordenação retarda o uso da
tecnologia.
"Os ministérios envolvidos com o smart grid -
Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia e Fazenda - vão ter que se
posicionar e, certamente, haverá que se pensar em medidas de desoneração
para popularizar o smart grid. As concessionárias de energia não têm
como financiar o custo integralmente e a presidenta Dilma já disse que
não quer repassar esse custo para o consumidor. Para acelerar o
processo, desoneração fiscal será necessária tanto para as redes como
para a própria produção dos medidores", salienta Guimarães, em
entrevista exclusiva ao portal Convergência Digital.
A Elster -
que tem tecnologia 100% nacional e fábricas em Porto Alegre e Minas
Gerais - é uma das fornecedoras interessadas em ampliar o uso do smart
grid no país. E será a fornecedora dos medidores inteligentes que a
Light, com atuação no Rio de Janeiro, planeja instalar até dezembro.
Hoje
já há 20 mil estações de medição ativas nas comunidades de Tabajara,
Cabritos e Borel, que foram pacificadas com UPPs. "O índice de fraudes
na energia é muito elevado, em torno de 23%, 24%, e quem está investindo
em smart grid, hoje, o faz para minimizar o prejuízo. O verdadeiro
smart grid, com outras aplicações, ainda não existe no Brasil", conta
Guimarães.
Smart Grid é uma tecnologia que está na rota dos
investidores e no Brasil não é diferente. Segundo o vice-presidente da
Elster, grandes fornecedores estrangeiros, entre eles, a GE e a Toshiba,
retomaram seus negócios no país e há outros interessados em explorar os
negócios na área.
"O Brasil é a bola da vez e smart grid também
é. No nosso caso, temos a vantagem concorrencial de já termos nossas
soluções certificadas pelo Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia. Esse é um processo que leva, em média, quase um
ano", afirma Guimarães.
Desenvolvida e fabricada no Brasil, a
solução para o uso do medidor inteligente da Elster permite que
concessionárias de energia implantem até 12 medidores de energia
monofásicos em uma unidade, que é tipicamente instalada no topo de um
poste de energia, próximo ao transformador, para prevenir o acesso não
autorizado ao equipamento.
Possui ainda revestimento de aço
inoxidável seguro para qualquer clima e a tecnologia de medição
embarcada tem amplas funções de autodiagnostico que conseguem
identificar alterações, fraudes ou operações irregulares e,
imediatamente, alertar a concessionária. Equipado com uma comunicação de
radiofrequência (RF) Mesh e recursos de rede, a solução permite também
realizar medições e cortes e religações à distância.
"Aqui há um
outro desafio para as concessionárias: Investir em infraestrutura de
telecom. As redes das teles não têm como garantir a qualidade e a
transmissão dos dados em tempo real para os centros de monitoramento.
Esse é um problema que terá de ser resolvido o quanto antes para
massificar os medidores inteligentes e o smart grid", acrescenta o
vice-presidente da Elster. Como é listada na Bolsa de Nova York, a
Elster não revela valores de investimentos.
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