quarta-feira, 3 de abril de 2013

TIM Fiber já planeja vender serviços OTT, mas não em formato combo


TIM Fiber já planeja vender serviços OTT, mas não em formato combo

Rogerio TIM_FiberA TIM Fiber avança em sua oferta de internet banda larga, se aproveitando da rede de fibra óptica instalada nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro
– diferentemente das concorrentes em FTTH, a operadora não precisa construir a rede toda. Por outro lado, a TIM teria desvantagem pela na ausência da oferta combinada de internet com TV, algo que tem elevado a penetração da banda larga fixa da NET, por exemplo, e segurado o número de acessos de telefonia fixa das concessionárias. Mas, na visão de Rogerio Takanayagi, presidente da TIM Fiber, essa desvantagem é bem relativa e terá cada vez menor impacto no negócio. A companhia acredita que o entretenimento online - seja ele gratuito ou pago, como no caso de serviços Over The Top como Netflix e AppleTV – tende a crescer. A própria empresa já tem em seu planejamento a oferta destes serviços – e Takyashi citou também a Sky – mas não de forma casada, reafirma o executivo. Além disso, a regulação do setor no Brasil, que tem exigido maior transparência na oferta de combos e maior padronização, tende a favorecer a oferta de banda larga da TIM. A perspectiva da companhia é chegar ao final do ano com 70 mil assinantes, um salto em relação aos 10 mil usuários do serviço em 2012.


TeleSíntese: A TIM não acredita na convergência fixo/móvel e tampouco nos pacotes combos, conforme declarações anteriores do senhor à imprensa, mas não há certa dificuldade em vender a banda larga sem uma oferta de TV?

Rogério Takanayagi: Hoje, a venda por meio de pacote é uma facilidade especialmente em termos de comunicação como cliente, por meio do discurso compre tudo e pague de uma vez. Mas se o cliente quiser desmembrar o pacote, tirar a banda larga da concorrência e colocar nosso serviço de fibra, o preço permanece o mesmo. Não é uma questão de conveniência econômica.
Além disso, o que temos visto, é um número muito grande de reclamações de fatura e conta nos serviços de telecomunicações. Há duas vezes mais reclamações por fatura do que por qualidade de rede. Como resultado, temos visto um movimento de dar maior transparência aos clientes quebrando os bundlings. Se você quebra os budlings, tem a opção de montar a banda larga da TIM com a TV da Sky, ou outra.


TeleSíntese: O senhor está dizendo que a tendência é a TIM ser favorecida com a padronização na oferta de combos e maior transparência?

Takanayagi: Este processo nos beneficia. Mas, além disso, o preço do pacote combo só é acessível para uma parte da pirâmide social, para toda uma outra camada da população, os pacotes inviabilizam o acesso à internet fixa de qualidade. Se você tentar comprar só a internet de 10 Megabits, as operadoras ou não vendem separado, ou vendem muito caro. Nesse sentido, vemos o combo como uma barreira ao acesso e isso, para nós, é uma oportunidade.


TeleSíntese: Mas há um desafio de ganhar os clientes da alta renda, não?

Takanayagi: Claro que no caso do consumidor de alta renda, que não faz continha na ponta do lápis, demora mais para virar. Isso é verdade no móvel também, o cliente de alto valor é mais desconfiado e tem mais o que fazer do que fazer contas.


TeleSíntese: O senhor acredita que a tendência observada nos Estados Unidos das pessoas buscarem o entretenimento online e não mais na TV paga poderia ajudá-los a entrar nesta classe mais alta?

Takanayagi: Há também este movimento das pessoas perceberem que todo o entretenimento que elas precisam está na internet – e neste sentido o mercado americano está mais avançado. Estamos falando de ofertas como Apple TV e Netflix, opções muito interessantes.


TeleSíntese: Mas então o caminho da TIM é vender Over The Top?

Takanayagi:Neste momento - como não acreditamos em combo, ou a TIM como empresa presa muito pela transparência - podemos até vender um Over The Top, uma Sky, mas não vou forçar o cliente a comprar um ou outro. Se o cliente quiser comprar só a banda larga, teremos esta opção disponível.


TeleSíntese: Então a TIM Fiber poderá vender diretamente esses serviços OTT ou Sky em breve?

Takanayagi:No percurso que desenvolvemos podemos ser um enabler de serviços de TV e OTT. A AppleTV e o Netflix fariam o billing através da gente, mas a gente entrega separado.


TeleSíntese: Atualmente, como está a instalação e oferta da banda larga em fibra óptica?

Takanayagi:Em São Paulo, já temos 700 mil casas disponíveis para venda e, no Rio de Janeiro, mais 120 mil. Fechamos o ano passado com 10 mil clientes e este ano esperamos algo em torno de 70 mil clientes.


TeleSíntese: Para vocês, há alguma dificuldade na instalação da infraestrutura?

Takanayagi:No Rio de Janeiro, houve solicitação da prefeitura de reduzir a intensidade da atividade de construção. Temos uma vantagem em relação ao novo operador porque nossa rede já está construída, mas diminuímos os ajustes por conta da solicitação da prefeitura.


TeleSíntese: Além de São Paulo e Rio de Janeiro, vocês já têm alguma cidade em vista?

Takanayagi:Vamos ficar nas duas cidades, por hora, o que já é um belo desafio. As duas cidades juntas já somam o PIB da Argentina. Queremos garantir qualidade, consistência nos processos e no atendimento. Hoje temos a vantagem de ter custo por cliente conectado entre um terço e um quinto do quaisquer demais player do mercado. Se pensarmos em qualidade, fechamos os dois grandes drivers de crescimento: performance e custo. Com isto muito bem ajustado, faz sentido migrar para outros bairros, mas até o momento queremos garantir o que temos. Estamos investindo muito em processos consistentes e depois pensaremos em expandir.


TeleSíntese: Falando em expansão, a TIM Fiber nasceu da compra da infraestrutura de fibra óptica da AESEletropaulo. O senhor acredita que a interiorização do serviço deve se dar por meio da aquisição de redes?

Takanayagi:Quando compramos a AESEletropaulo, houve inflação no valor percebido da infraestrutura de fibra óptica peloo mercado. Mas, quem pensa em vender para nós não entende é que nós não compramos uma rede de fibra, mas sim o time to market. São Paulo e Rio de Janeiro são cidades complicadas, com muito transito que não pode ser impactado negativamente. Para construir uma rede como a da Eletropaulo aqui [em SP] precisaríamos de de dez anos. Compramos este tempo.


TeleSíntese:Isso significa que fora de grandes centros pode não fazer tanto sentido comprar redes de fibra óptica prontas?

Takanayagi:Em cidades do interior é mais simples construir, não faz sentido comprar ativos no mesmo valor que se comprou a AES. Poderia ter sentido comprar redes, nós gostamos de ativos de infraestrutura, mas o problema é que quando compramos a AES, todo o mercado ficou com a expectativa de que este fosse o valor e para nós não faz sentido este custo.


TeleSíntese:A expansão da TIM Fiber acompanha o investimento do serviço móvel?

Takanayagi:Toda rede de fibra que compramos é para apoiar o serviço móvel. O objetivo é melhorar a qualidade do serviço móvel e a TIM Fiber vai a reboque. Isso nos faz ter um preço tão baixo por assinante, porque vamos a reboque do móvel. Para nós não faria sentido entrar numa cidade com a TIM Fiber e depois apenas com o móvel. Se isso é verdade, já estamos com projeto para atender 14 cidades com fibra para o móvel, e depois ter migração para a TIM Fiber. O número de cidades com fibra pode chegar a 42 nos próximos dois anos.


TeleSíntese:A TIM então está construindo rede e aquisições são projetos secundários?

Takanayagi:Estamos construindo redes. Se, no meio do caminho, aparecer uma infraestrutura interessante que para nós seja um atalho, nos permita comprar tempo, vamos avaliar. Talvez a questão mais interessante neste ponto é que a TIM tem dívida zero no Brasil e isso nos dá uma flexibilidade muito grande para que, se aparecer um ativo interessante, nós comprarmos, mas precisa ser um preço justo.

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