- Publicado em Terça, 08 Janeiro 2013 17:31
- Escrito por Fatima Fonseca
Na primeira etapa, a operadora vai conectar um WiFi público aos equipamentos instalados nas casas de seus 400 mil assinantes de TV por assinatura. A rede será complementada com hot spots públicos e cobertura indoor. Segundo Ricardo Sanfelice, o MVNO da GVT ainda vai demorar.
Com planos para investir, em 2013, o mesmo volume de 2012 – R$ 2,5 bilhões – na expansão da rede e no lançamento do serviço triple play em mais 14 cidades, incluindo a capital São Paulo, a GVT segue em ritmo de crescimento no país, independente do anúncio de venda de sua controladora, a Vivendi. Com um grande backbone nacional e operando em 137 cidades, a companhia teve crescimento de mais 30% em 2012 – a Vivendi deve anunciar em breve faturamento de R$ 4,4 bilhões na operação brasileira – e tem planos de manter o mesmo índice de crescimento neste ano.
Além da entrada em São Paulo e de consolidar a operação no Nordeste, entre os planos para 2013 está o lançamento de uma rede WiFi, cuja primeira etapa acontece ainda neste semestre, informa o diretor de marketing e produtos, Ricardo Sanfelice. Nesta entrevista, ela fala também dos desafios como as dificuldades nas negociações com as móveis para se tornar uma MVNO.
Tele.Síntese – Como foi o desempenho da GVT em 2012 e, com base nesse resultado, qual a estratégia da empresa para este ano?Ricardo Sanfelice – O ano de 2012 foi muito bom para a GVT. Do ponto de vista operacional, tivemos a expansão da rede e chegamos a 137 cidades, 18 delas novas cidades. Consolidamos nossa atuação no mercado do Nordeste, com o lançamento dos serviços em três novas capitais – Aracaju, Maceió e Natal – e consolidamos também nossos serviços em TV por assinatura, fechando o ano com mais de 400 mil assinantes de TV. Com a expansão da rede passamos a ter o segundo maior backbone do Brasil, só perdendo para a Embratel. Em relação a faturamento, vamos fechar o ano com crescimento de 35% (em 2011, o faturamento da GVT foi de R$ 3,5 bilhões). O resultado de 2012 será divulgado pela Vivendi em fevereiro, por isso não podemos antecipar, mas posso dizer que superamos a marca de 2 milhões de clientes em banda larga, que é o nosso principal negócio. Foi um ano de consolidação e esperamos este ano manter esse ritmo, crescendo 30%, e lançar 14 novas cidades.
Tele.Síntese – Entre as novas cidades está a capital São Paulo, onde vocês tentam entrar desde 2010. Como a empresa vai se posicionar na capital, uma das mais competitivas em termos de serviços?Sanfelice – Começamos a construir nossa rede no final de 2012, ainda como piloto, sem conexão de clientes. O projeto teve início no final de 2010, quando protocolamos o processo na prefeitura, esse processo se arrastou por dois anos e agora começamos a construção. O lançamento deve ocorrer em 2013 mas não temos um prazo previsto. Mas, vamos estrear no mercado paulista este ano.
Tele-Síntese – E qual será o posicionamento na capital paulista?Sanfelice – Ainda não podemos antecipar. Mas, a GVT não pretende mudar seu posicionamento, baseado na relação custo-benefício, produtos inovadores e qualidade. E não será muito diferente, até por isso estamos tomando cuidado para selecionar as áreas, e replicar o modelo de negócios. Evidentemente, São Paulo é um mercado competitivo e vamos nos adaptar a essa competição, mas não será uma estratégia muito diferente do resto do Brasil.
Tele.Síntese – Além de São Paulo, o serviço será expandido para que outras cidades ou regões este ano?Sanfelice – Vamos continuar com nosso plano de cinco anos (2012-2016), que é atingir 200 cidades e um faturamento de R$ 10 bilhões em 2016. Avaliamos que há oportunidades em todas as regiões, mas neste ano, a expansão é para o interior de São Paulo, onde o mercado é competitivo mas ainda não temos nenhuma fatia, e no Nordeste. Esta região é um mercado interessante porque tem demanda reprimida. Quando vemos a ascensão social no Brasil, esse movimento ocorre no Brasil inteiro mas é mais representativo no Nordeste.
Tele.Síntese – Você comentou que a GVT fechou o ano com mais de 400 mil assinantes em TV por assinatura. Pelos dados da Anatel, é uma das empresas que mais crescem nesse segmento. Qual a estratégia para manter esse ritmo?Sanfelice – Temos a percepção de que temos muito para crescer em TV. Em 2013 queremos pelo menos dobrar a base de clientes. Nosso foco é em interatividade, somos a primeira solução baseada em IP TV, um produto lançado há pouco mais de um ano, então, o foco é em interatividade, HD, um serviço 100% em alta definição. Queremos alavancar a TV paga com nosso know how de banda larga e telefonia, apostamos muito na solução de empacotamento triple play. Não pensamos muito em TV como um negócio a parte, o serviço está muito ligado a expansão da GVT como um todo. Dos nossos 2 milhões de clientes em banda larga, cerca de 400 mil têm TV por assinatura, o que dá uma penetração de 20%, então, temos muito espaço para crescer. E, hoje, 50% dos clientes novos que contratam a GVT já entram com triple play. Os outros 50% entram com dois serviços.
Tele.Síntese – Vocês acabaram de anunciar novas ofertas, com aumento de velocidade na banda larga. Os clientes estão demandando novas aplicações e, consequentemente, mais banda?Sanfelice – Um dos pilares da nossa estratégia sempre foi ter a melhor relação custo-benefício em qualquer tipo de produto ofertado. Na banda larga isso significa mais velocidade por um preço mais acessível. Hoje, a velocidade mais baixa dos nossos clientes de triple play é 15 mega. Há dois anos quando lançamos nossa oferta de 10 mega muita gente falou que não tinha demanda, nem aplicação, para 10 mega. Hoje, nossa base de venda é 15 mega, então, a demanda existe. Se a operadora entrega, o cliente arruma aplicação. Banda ainda vai crescer muito e nossa estratégia é ofertar mais banda pelo melhor valor possível. Tínhamos um gap no nosso portfolio entre a velocidade de 15 mega e a de 35 mega. Era um gap de banda e de preço. No de 15, o cliente pagava R$ 59; para mudar para 35 mega, pagava R$ 79. Por isso, anunciamos neste início de ano a oferta de 25 mega, ao custo de R$ 69, tanto para os novos clientes como para os da base que queiram migrar, dobrando a velocidade por apenas R$ 10 a mais.
Tele.Síntese – Para este ano vocês programam novos serviços de valor adicionado, seja na banda larga, no conteúdo digital (como o portal de música que, além de ser um valor adicionado para a banda larga, pode ser multimídia)? Apostam na convergência 'multitela'?Sanfelice – Consideramos a multitela importante mesmo sem a gente ter uma das telas, a do móvel – temos vários aplicativos para telefone móvel, como o serviço digital de música, que está na TV e no aplicativos para tablet e smartphone, e temos iniciativas novas como a opção de o cliente acessar o seu telefone fixo através do telefone móvel.
Tele.Síntese – É um novo aplicativo, que será lançado?Sanfelice – Sim, nossa expectativa é de lançar esse aplicativo no primeiro semestre deste ano. O telefone fixo da GVT poderá ser levado para qualquer lugar. Qualquer cliente da GVT poderá entrar numa app store, baixar o aplicativo, no qual ele vai acessar o telefone fixo. Por exemplo: se ele estiver usando uma rede 3G ou uma rede WiFi, quando for fazer uma ligação telefônica o aplicativo pergunta se quer fazer via rede móvel ou via a linha fixa da GVT. Da mesma forma, se alguém ligar no telefone dele, pode receber a chamada no celular.
Tele.Síntese – E o projeto de rede WiFi, também se concretiza este ano?Sanfelice – Temos um projeto de rede WiFi e que alavanca esse aplicativo do telefone, embora seja um projeto independente. Nosso projeto é dividido em três grandes etapas: a primeira é usar os nossos equipamentos que estão nas casas dos clientes triple play – os clientes de TV por assinatura tem um home gateway, um modem de banda larga mais avançado, que tem uma habilidade que é fornecer um hot spot para a casa do cliente, um WiFi, mas também pode ligar um outro WiFi, público. Então, podemos remotamente ligar 400 mil hot spots na casa dos clientes de TV, de forma totalmente independente do serviço prestado ao cliente, sem problema de segurança ou de banda. Vamos fazer, na primeira etapa, com que esses 400 mil aparelhos se tornem hot spots públicos. Para complementar essa rede vamos instalar hot spots públicos, em parques, praças, etc. E isso passa por um projeto de WiFi público, com hot spots nos postes. O terceiro ponto é a cobertura indoor, em grandes pontos de circulação, como shopping centers, restaurantes, cafés e aeroportos. Vamos juntar essas três redes para formar uma rede nacional. Nossa vantagem é que na primeira fase basta ligar remotamente, então, estamos apostando nela para este primeiro semestre.
Tele.Síntese – E a entrada no mercado de celular via MVNO. As negociações estão difíceis?Sanfelice – Estamos negociando há algum tempo mas é um negócio em que as móveis ainda veem com ceticismo, porque se trata de um concorrente. Querendo ou não, a maioria das móveis tem um braço fixo, então, seria alavancar um competidor fixo no mercado móvel e isso é um risco e, além disso, mesmo no móvel, quando olha para a GVT, a nossa intenção é de ter uma oferta completa, de banda larga móvel, com cliente pré-pago, pós-pago, de alto valor e de baixo valor também. Então, as fixas olham isso como uma canibalização das receitas atuais. É diferente de quando pega uma marca de varejo, que vai endereçar a um mercado low end, que a móvel não consegue endereçar e aí é bom para ambas as partes. A negociação é difícil, mas acredito que é uma questão de cultura, que pode avançar nos próximos anos. Não vemos a operação móvel no curto prazo para a GVT. Os grandes desafios de curto prazo são entrar em São Paulo, expandir a rede de banda larga e consolidar a operação de TV por assinatura.
Tele.Síntese – A aprovação pela Anatel do plano de competição anima a GVT?Sanfelice – A mais relevante para a GVT foi a redução da VU-M. O preço é abusivo comparado com qualquer outra taxa de interconexão, então, vemos com muito bons olhos esse plano de redução, que vai incentivar a competição. Em relação a infraestrutura, o compartilhamento de dutos para a GVT é muito importante.
Tele.Síntese – AS constantes informações de que a Vivendi pode vender a GVT interfere no dia a dia da operadora Como vocês tratam essa questão internamente?Sanfelice – Temos um plano de cinco anos que está sendo seguido a risca. O plano foi feito a quatro mãos com a Vivendi e segue independente de rumores sobre a troca de controle. Até o momento não teve nenhum impacto no nosso dia a dia.