sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Operadora virtual dos Correios terá ênfase em serviços financeiros
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014, 19h38 O projeto dos Correios de criar uma operadora de telefonia móvel virtual (MVNO) é uma iniciativa que vai além da prestação de serviços de telecomunicações. Uma parte importante do plano de negócios da estatal é integrar os serviços da MVNO aos do Banco Postal, hoje operado pelo Banco do Brasil. Conforme já foi anunciado, a MVNO será operada por uma subsidiária a ser constituída em sociedade com a Poste Mobile, a MVNO dos correios da Itália. A Poste Mobile terá 51% da sociedade, apesar de a estrutura de governança ser partilhada. A razão para o controle ser dos italianos é descaracterizar a empresa como uma estatal e assim dar mais agilidade em termos de contratação de pessoal e equipamentos. Na estratégia da MVNO está previsto que os SIMcards virão embarcados com uma série de serviços já existentes do Banco Postal. Outros serviços, mais avançados, estão sendo estudados em conjunto pelo Banco do Brasil e pelos Correios. É um processo que coincide com uma reestruturação do próprio Banco Postal, que passará a ser vinculado a uma subsidiária entre Banco do Brasil e Correios, e não mais será um serviço dos próprios Correios. Isso dará mais perenidade às atividades do Banco Postal, já que hoje ele volta sempre à estaca zero quando o parceiro bancário é substituído. Pré-pago O projeto da MVNO, explica o vice-presidente de tecnologia dos Correios, Antônio Luiz Fuschino, é claramente identificado com um público de menor renda, mas que usa intensamente as agências dos Correios. É, portanto, um projeto que terá, prioritariamente, foco no pré-pago, mas com forte oferta de dados para dar base a esses serviços de valor adicionado. Outros serviços que estão na lista incluem integração com os serviços dos Correios, como remessa de encomendas e compras por catálogo. Ao contrário do que poderia parecer, a MVNO dos correios não será uma operadora estatal de telecomunicações. Ao contrário, uma das linhas de negócio previstas para a MVNO é a prestação de alguns serviços ao governo, como a integração de aplicações de e-Gov, mas isso só acontecerá depois de negociações entre a MVNO e os órgãos responsáveis. A expectativa da MVNO é conquistar os 3 milhões de clientes atuais do Banco Postal e ainda crescer mais 5 milhões de usuários. "Queremos vincular a cada conta do Banco Postal um SIMCard e vice-versa", diz Fuschino. A operadora de rede (MNO) ainda vai ser selecionada por meio de uma RFP. Todas as operadoras de telefonia móvel serão chamadas para apresentar condições de prestação dos serviços para os Correios, que operarão a MVNO na modalidade de autorizada. Isso dá à MVNO mais complexidade, pois ela passa a ser legalmente responsável pela cobrança, atendimento e suporte aos clientes. "Originalmente até pensamos em ser uma credenciada, apenas vendendo chips com a nossa marca, mas o projeto ganhou corpo e outra dimensão, o que justificou buscar o modelo de autorizada". RFP A RFP de operadoras é considerada crucial para o sucesso da empreitada. Dependendo das condições encontradas no mercado, a iniciativa da MVNO pode até ser abortada, mas é pouco provável que isso aconteça. "Estivemos com todas as operadoras apresentando o projeto e o interesse foi muito grande", diz Fuschino. Normalmente, as operadoras recebem os pedidos de candidatas à MVNO e oferecem as suas condições. Com a concorrência, os Correios esperam inverter essa lógica e conseguir condições técnicas e de preço melhores. A parceria com a italiana Poste Mobile não significa em absoluto que a TIM terá mais chances de ser a operadora contratada para fornecer a rede. Na Itália, a parceira da Poste Mobile é a Vodafone. O Brasil será a primeira operação da Poste Mobile fora de seu país de origem. Na parceria com a Poste Mobile, os italianos trazem a metade dos investimentos e a expertise e o sucesso daquela que é a mais exitosa operadora virtual em operação no mundo. Já os Correios brasileiros aportam, além da metade dos investimentos iniciais, estimados em R$ 150 milhões, a capilaridade de sua rede de lojas, que farão as vendas das linhas e aparelhos. O modelo de subsídio de handsets está descartado no princípio, pois o foco é colocar o máximo de aplicações embarcadas no próprio SIMcard, para que possam funcionar em dispositivos mais simples. Também entra na conta a credibilidade da marca dos Correios, hoje a terceira instituição mais respeitada do País. O projeto é nacional, mas o lançamento, que acontece a partir do final do ano, será escalonado, em função do treinamento do pessoal e da capacidade da rede da MNO. Outra ação importante nessa fase inicial é o esforço de atrair as franquias dos Correios para a rede de revenda, o que Fuschino não acredita que será um problema. "Hoje percebemos que já existe a demanda por parte deles por mais serviços".
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