Estaremos criando uma sociedade mais igual ou aumentando
o gap social entre aqueles que podem pagar por uma conexão de alta
qualidade e aqueles que não poderão dispor deste recurso?
Marcos Sakamoto *
18 de dezembro de 2014 - 08h05
A ideia de
conectar e promover a interação entre pessoas e seus objetos eletrônicos
vem ganhando força nos últimos tempos. E, o que parecia uma tendência
para um futuro ainda distante, já se aproxima da realidade de um número
cada vez maior de pessoas no Brasil e no resto do mundo.
A proposta da
Internet das Coisas, ou Internet of Things (IoT), é conectar tudo o que
puder ser conectado e interligar objetos do dia a dia à Internet. Com
isso, o que se espera, em um primeiro momento, é simplificar a vida das
pessoas. Em um futuro um pouco mais distante, a Internet das Coisas
poderá conectar cidades inteiras, tornando-as mais inteligentes.
Mas, enquanto não é
possível conectar as cidades, criamos nossas pequenas e crescentes
conexões com o uso de aplicativos, que estão cada vez mais presentes nos
nossos celulares, permitindo saber desde o saldo bancário, às calorias
ingeridas ao longo do dia, e auxiliando, inclusive, na escolha do
caminho que faremos na volta para casa.
Ampliando o raio de ação dessas redes, já temos os sensores de pedágio que interagem com tags nos
veículos e abrem as cancelas e nos fazem ganhar tempo nas viagens, e
também nos estacionamento de shoppings, onde os sistemas poderão
brevemente indicar onde há vagas e nos poupar de ficar rodando em
círculos em busca de um local para estacionar. Este mesmo sistema também
servirá para indicar aos mais incautos onde está localizada a vaga, na
hora de sair do shopping.
No entanto, se a
ideia da conexão das coisas parece ser muito atraente e surge como um
facilitador no nosso cotidiano, há vários pontos que ainda são um
obstáculo a esta realidade, assim como uma série de perguntas ainda sem
respostas. Será que a Internet das Coisas estará acessível a todos?
Estaremos criando uma sociedade mais igual ou aumentando o gap social
entre aqueles que podem pagar por uma conexão de alta qualidade e
aqueles que não poderão dispor deste recurso?
Quanto dinheiro
estará envolvido na conexão dos aparelhos eletrônicos? Quem paga esta
conta? Já sabemos que a conexão só será possível com um chip e seu custo
poderá ser um limitador. E a questão da segurança? Quem cuidará deste
processo e a que custo? Se por um lado, o usuário deseja acionar o
alarme da sua casa à distância, ele também quer ter certeza que ninguém
poderá burlar o seu comando. O mesmo vale para um dispositivo que avisa
que a torneira está pingando. O usuário precisará saber se se trata de
algumas gotas de água ou se a casa corre risco de alagar.
A preocupação com os
hackers mexe até com os mais entusiastas defensores da Internet das
Coisas, pois ninguém quer ver seus dados acessíveis na rede.
Mesmo com as várias
perguntas, algumas dúvidas e receios, as empresas de tecnologia precisam
enxergar a Internet das Coisas como oportunidade de negócio. Só para
ter uma ideia, uma pesquisa da consultoria IDC (Internet Data Center)
aponta que o mercado de Internet das Coisas irá render US$ 8,9 trilhões
em 2020, com um crescimento anual de 7,9%. Ainda de acordo com a IDC, no
Brasil, só este ano, o mercado de equipamentos que conectam objetos à
web já movimentou US$ 2 bilhões. Mas, os números de todas as
consultorias sobre a IoT se mostram ainda meras conjecturas, ninguém
sabe ao certo o verdadeiro tamanho deste mercado.
Mas uma coisa é
certa, se o montante financeiro da Internet das Coisas no campo dos
eletrônicos já parece interessante, sem dúvida, quando chegarmos na era
das cidades conectadas, com seus sistemas de transporte, energia,
comunicações, saúde e educação, teremos um volume financeiro muitas
vezes maior.
Para o mercado de
TIC, o caminho que se apresenta é o de investir no desenvolvimento de
ferramentas e soluções que facilitem as conexões e que funcionem como o front-end desta rede de interconexão, através dos aplicativos, equipamentos e tecnologia de segurança da informação.
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