Tele.Síntese – Tenho
ouvido que as concessionárias de energia não estão querendo usar as
redes das operadoras de celular para instalar os smart grid, que
estariam preferindo uma rede WiMax
Souza – No
resto do mundo, se se colocar o equipamento e mais uma assinatura de
celular por ponto, o custo fica muito alto, porque há muito recurso que
não é necessário. Lá fora está sendo feita uma rede híbrida, onde
existem redes proprietárias, de custo mais baixo e também de capacidade
mais baixa, como as redes Mesh. Só que em algum ponto estas redes
precisam se concentrar e ser enviadas para a nuvem. E nesses pontos
estão os gatways dos celulares. Não há disputa entre as duas
tecnologias, mas uma complementação para ser usada em larga escala.
A seguir, entrevista completa
Queda do Fistel trará novos investidores para o M2M, aposta Sergio Souza
A TM Data apostava no mercado brasileiro M2M desde 2005. Este ano, após a fusão com a Wyless, a WylessTMData continua otimista com este segmento, que cresce 15% ao ano.
A
TM Data apostava no mercado brasileiro M2M desde 2005. Este ano, após a
fusão com a Wyless, a WylessTMData continua otimista com este segmento,
que cresce 15% ao ano. Segundo o CEO, Sergio Souza, a desoneração do
Fistel para os chips M2M precisa refletir em pacotes mais flexíveis por
parte das operadoras de celular. Com esses novos planos, Souza acredita
que novos investidores estrangeiros aportarão para investir em IoT já no
próximo ano.
Tele.Síntese – Por que a WylessTM Data se especializou em M2M?
Sergio Souza -
Em 2005 comprei uma empresa chamada TM Data. Era uma joint-venture para
explorar o mercado sem-fio no Brasil. Esta empresa foi montada para
criar uma rede própria. Com a implantação do GSM e a expansão da rede de
dados das celulares, o projeto se tornou inviável. Então, passamos a
prestar o serviço através das redes das celulares. E desenvolvemos
tecnologia própria, com os nossos técnicos brasileiros. Em fevereiro
deste ano fizemos uma fusão com a Wyless, uma empresa global com sede em
Boston, no EUA, criada por um grupo de investidores europeus privados.
Nossa estratégia de mercado era muito parecida e fazia sentido
alavancar os dois lados. Desde o início nosso foco sempre foi M2M e
agora é IoT.
Tele.Síntese – Como analisa este segmento?
Souza- Este
mercado é uma terceira onda que vai invadir o mundo inteiro. E começou
pela conexão dos equipamentos mais próximos, como a nossa casa e nosso
carro. A nossa casa já está conectada há muito tempo através dos
sistemas de segurança.
Tele.Síntese – Mas não estão conectadas pela rede de celular, não?
Souza – É pela rede de celular sim, há mais de 10 anos. Porque a rede celular não depende do dono da casa.
Tele.Síntese – Achava que os sistemas de segurança das casas usavam as frequências livres de WiFi.
Souza – Não, a maioria das vezes se dá pela rede do celular. Já existem no Brasil 9,2 milhões dessas conexões.
Tele.Síntese – Mas aí
você esta falando sobre a base total de M2M divulgada pela Anatel. E
neste caso, a maioria ainda é formada pelas máquinas de cartão de
crédito.
Souza –
Exatamente. Na verdade, cerca de 40% dessa base são as máquinas de
cartão de crédito. Mas é o mesmo tipo de aplicação. Embora a Anatel os
classifique como equipamentos de uso humano, são aparelhos
inteligentíssimos, que coletam muitas informações dos pontos de venda e
oferecem várias informações para o lojistas também.
Tele.Síntese – E a sua empresa está atuando em que nicho deste mercado?
Souza – Para
este mercado existem três partes muito importantes: a primeira é o
equipamento. Ele precisa ser inteligente, se comunicar de uma forma
barata com mobilidade. Tem que funcionar em ambiente adverso, a máquina
não vai colocar o aparelho na tomada. Estes equipamentos têm que
conversar com sensores mais sofisticados, pois tem que medir
temperatura, pressão, voltagem, nível de reservatórios. A segunda parte
é a rede que conecta este equipamento no outro lado. Não é uma rede
celular comum. Embora use a rede das celulares, precisa de um
gerenciamento muito mais próximo. Ela esta sendo usada por empresas e
exigem nível de serviço muito bom. Estas redes precisam de nível de
segurança e de gestão muito mais altos. Pois esses clientes são muito
exigentes. A última parte é uma aplicação na nuvem que consegue lidar
com uma quantidade muito grande de dados e traduzir isto em informação
útil para o negócio do cliente.
Tele.Síntese – E onde vocês estão presentes?
Souza – Em
rastreamento de veículo, que agora virou telemática. É a conexão dos
veículos e seus mais diversos fins. Inicialmente no Brasil começamos a
rastrear os carros para que eles tivessem segurança.
Tele.Síntese – Para isto, não é a tecnologia de satélite a mais usada?
Souza – Ele
nasceu com tecnologia mista. Embora a localização seja por satélite, o
GPS, a comunicação é feita por celular, e às vezes por satélite. E a
telemática hoje tem uma abordagem muito maior, porque é usada também
para as empresas gerenciarem as suas frotas, para saber se os caminhões
estão sendo dirigidos de foram adequada
Tele.Síntese - Mas, onde vocês estão?
Souza – Estamos
focados neste meio do caminho, que é a comunicação entre o equipamento e
o software de aplicação na nuvem. Os nossos clientes são as empresas
que prestam serviço para os clientes finais. São empresas de telemática,
que fornecem sistemas para transportadoras, para seguradoras, para
empresas de aluguel de veículos.
Tele.Síntese – Vocês não vendem para o usuário final?
Souza – Não, fornecemos uma das três partes. Dependendo do cliente, podemos integrar essas três partes.
Tele.Síntese – Hoje vocês estão focados no mercado de frota?
Souza– Temos
também muitos clientes que trabalham com segurança eletrônica, como a
ABT, uma das maiores empresas de segurança do mundo, é uma de nossas
clientes.
Tele.Síntese – Você vê algum risco de as operadoras de celular entrar neste segmento e tirá-lo do mercado?
Souza – Não,
pelo contrário. Fora do Brasil há um movimento mais maduro e as
operadoras são muito próximas da gente. As operadoras têm se focado na
comunicação, que é o que elas sabem fazer muito bem. Temos acordo com
mais de 20 operadoras no mundo inteiro. Com a T-Mobil, e com a AT&T
nos Estados Unidos.
Tele.Síntese – E no Brasil?
Souza – Com
todas. Temos um excelente relacionamento com elas porque, na prática,
fazemos uma economia muito grande. O cliente atendido por nós não chega
na operadora.
Tele.Síntese – Este segmento não tem um crescimento tímido?
Souza – Ele cresce 15% a 20% ano, já faz alguns anos.
Tele.Síntese – É um desempenho importante. Mas a desoneração do Fistel, me parece, não repercutiu neste crescimento
Souza – Dois
fatores podem contribuir para a melhoria. O primeiro, é a queda de preço
que não chegou ainda e está começando a chegar agora. O segundo é uma
alteração das ofertas das operadoras. No caso do M2M brasileiro, o
imposto era tão alto que todos esses custos eram irrisórios. A gente
paga um imposto sobre um número, não importando se se consome 100 Mega
ou 100 K. Os planos oferecidos pelas operadoras são muito mais
limitados dos que os oferecidos no resto do mundo, sem flexibilidade
alguma para negociar. Com a redução dos impostos, as operadoras vão
oferecer ao mercado planos mais flexíveis. E os projetos que estão
parados na Europa e nos Estados Unidos, aguardando para vir par ao
Brasil, vão começar a se mexer. Nós mesmos, por sermos uma empresa
global, temos vários clientes lá fora tentando vir para o Brasil, mas
não podem porque o custo é muito alto.
Tele.Síntese- Quais áreas de investimentos?
Souza- Haverá
projetos de telemetria, consumo de água, smart grid, controle de ponto
de venda em geladeira. Se o custo não for de US$ 1 dólar ao mês, não
justifica M2M. Como aqui estava US$ 2,5 dólares só com imposto, estes
projetos não andavam.
Tele.Síntese – Com a desoneração do Fistel, acha que resolveu?
Souza –
Resolveu o imposto. Agora, as operadoras precisam se adaptar a esta nova
estrutura de custos e colocar planos mais flexíveis no mercado.
Tele.Síntese – Tenho
ouvido que as concessionárias de energia não estão querendo usar as
redes das operadoras de celular para instalar os smart grid, que
estariam preferindo uma rede WiMax
Souza – No
resto do mundo, se se colocar o equipamento e mais uma assinatura de
celular por ponto, o custo fica muito alto, porque há muito recurso que
não é necessário. Lá fora está sendo feita uma rede híbrida, onde
existem redes proprietárias, de custo mais baixo e também de capacidade
mais baixa, como as redes Mesh. Só que em algum ponto estas redes
precisam se concentrar e ser enviadas para a nuvem. E nesses pontos
estão os gatways dos celulares. Não há disputa entre as duas
tecnologias, mas uma complementação para ser usada em larga escala.
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