segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Smart Grids: Grandes desafios na evolução das redes inteligentes

A relação da tecnologia com o setor energético é mais que um mero uso instrumental

Computerword, Leonardo Benítez e Mariano Ortega*

06 de fevereiro de 2015 - 08h25
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Contextualizar os desafios da energia no âmbito mais amplo da transformação que o setor está sofrendo é fundamental, devido à evolução tecnológica e de processos que implica as Redes Elétricas Inteligentes ou Smart Grids.

Um de seus principais objetivos é a sustentabilidade, baseada na redução das emissões de CO2 e a melhoria na eficiência do sistema elétrico. O único modo de alcançar estes objetivos é estabelecer um modelo de abastecimento que fomente o surgimento e integração de novas formas de produção e consumo distribuído em uma operação coordenada e flexível de geradores, operadores e consumidores.

Para que isso se torne realidade, será necessária a aplicação massiva de tecnologias da informação, como sensores, modelos, simulação em tempo real e avanços em pesquisas em relação a novos meios de armazenamento, inovação na eficiência das renováveis, entre outras. Estes elementos devem dar suporte a um novo mix de geração e integração da energia nas redes, com foco no uso das energias renováveis e em diferentes meios de armazenamento. Por outro lado, devem apoiar um novo formato das redes elétricas e dos mecanismos de operação, para assegurar a estabilidade das mesmas, o que implica na melhoria/transformação das atuais redes de transmissão e distribuição.

O desenho de um mercado mais aberto é outra das exigências que podem ser apoiadas pela tecnologia. É de especial importância a aplicação de um novo fluxograma de consumo de serviços, envolvendo um novo agente, o consumidor. O prossumidor, termo que significa produtor + consumidor, representa o elemento mais inteligente das Smart Grids com novas responsabilidades, como a predizer o preço da energia, fornecedor de armazenamento, produtor de energia ou fornecedor para outros consumidores. No entanto, o consumidor atual desconhece o papel que poderá desempenhar no novo cenário energético.

A tecnologia também é um fator chave para impulsionar a integração dos serviços energéticos com outros serviços públicos e as grandes cidades, dentro do conceito de Cidade Inteligente ou Smart City. A partir da primeira geração de soluções tecnológicas orientadas às Smart Grids, que geralmente tratavam de estender as soluções clássicas ao novo cenário, hoje vivemos a adoção das tecnologias mais inovadoras. É o caso das tecnologias que permitem o desenvolvimento sobre as redes de elementos de processamento inteligente, a exemplo:
Modelos de predição e simulação;
Detecção avançada de padrões em tempo real;
Emprego de novos canais de comunicação como as redes sociais para fomentar a relação entre as empresas de eletricidade e seus clientes e, com isso, a socialização dos futuros usuários de serviços públicos;
Desenvolvimento de modelos e ferramentas Cloud que proporcionam serviços finais (SaaS). Infraestruturas (IaaS) ou plataformas (PaaS), os quais permitem que negócios baseados na sensorização, medição e aplicação de algoritmos de otimização ou simulação deem serviço a múltiplos clientes.

A relação da tecnologia com o setor energético é mais que um mero uso instrumental. Ser capaz de articular esta relação com empresas tecnológicas e energéticas latino-americanas de projeção global é um dos mais importantes desafios que temos.

*Leonardo Benítez é diretor de Smart Energy da Indra e Mariano Ortega é especialista em Energia da Indra.

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