quinta-feira, 9 de outubro de 2014

0 revoluções tecnológicas de uma cidade inteligente

Computerword, 09 de outubro de 2014 - 14h22
Para Carlo Ratti, diretor do City Lab do MIT, o impacto da revolução digital de agora pode ser comparado a chegada da eletricidade no século passado


Felipe Dreher

Hoje 85% da população brasileira atualmente vive em cidades. A concentração desencadeia problemas que afetam a vida de milhares de pessoas (inclusive você, leitor) diariamente. Só para se ter uma ideia, os habitantes de São Paulo passam, em média, 3h05 por dia dentro do carro – o equivalente a 45 dias por ano presos no trânsito.
A concentração da população desafia diversos países. Há alguns anos, grandes provedores de tecnologia começaram a puxar discursos de que a tecnologia da informação pode mitigar e até solucionar questões complexas da vida urbana. IBM, Microsoft e Cisco são apenas três exemplos de organizações que incorporaram “smart cities” em suas estratégias.

O cenário para uma revolução urbana proporcionada pela TI aos poucos se viabiliza cria condições para intersecções entre bits, dados e infraestrutura urbana física. Internet das coisas, sensores, máquinas inteligentes, computação em nuvem, processamento de grandes volumes de dados, aplicativos em dispositivos móveis. Projetos que se apropriam desse arsenal, certamente, podem colaborar para melhorar o ambiente que vivemos.

O tema é bastante amplo e multidisciplinar. “A maior parte de um projeto de cidades inteligentes não é tecnologia, mas sobre como a tecnologia desaparece, invisível nesse novo ambiente urbano”, comenta Carlo Ratti, diretor do City Lab do MIT, comparando a transformação digital de agora a chegada da eletricidade ocorrida há um século.

Na visão do especialista os projetos de smart cities andarão quando se criar uma cultura de inovação nas cidades. A informação e o capital fluem de maneira mais veloz ao redor do mundo. É uma grande oportunidade para os municípios e para os políticos que conseguirem promover esse tipo de cultura. A seguir, ele lista dez revoluções baseadas em conceitos tecnológicos trazidos para as cidades. 

1. Participação pública 2.0 – O passado recente revelou novas formas de se organizar uma manifestação. O ativismo digital ganhou as ruas de cidades espalhadas pelo mundo, inclusive no Brasil. Ferramentas sociais (como Twitter, YouTube e Foursquare) eclodiram com meio de convocar adeptos, propagar ideias e se fazer ouvir.

2. Smartphone/smartcity – Dispositivos móveis mudam de forma intensa como as pessoas transitam pelos centros urbanos. Aplicativos como Waze, EasyTaxi e Uber coletam e enviam dados em tempo real e ajudam a melhorar consideravelmente aspectos de mobilidade.

3. Conversa entre máquinas – A cidade inteligente traz como uma de suas características a conectividade e comunicação entre dispositivos. Essas habilidades permite compreender contextos e comportamentos, processar informações em tempo real e compartilhar com os cidadãos permitindo uma melhor utilização de recursos.

4. Tráfego em rede – Os sensores e a infraestrutura de rede permitem uma melhor gestão das cidades. Cada registro feito por um smpartphone, por exemplo, é capaz de deixar uma “pegada” digital indicando como os organismos urbanos reagem ao longo do dia ou a determinados eventos.

5. Distribuição de energias – A distribuição correta de energia elétrica ainda desafia as 
cidades. São comuns equipamentos de ar-condicionado (grandes consumidores de eletricidade) resfriar o andar de um prédio vazio durante o verão. Termostatos inteligentes endereçam questões desse tipo.

6. Espaços públicos responsivos – A medida que compreende melhor o comportamento dos cidadãos a partir da inteligência extraída dos dados coletados, a arquitetura consegue se tornas mais interativa com os habitantes, oferecendo melhores experiências.

7. O fim das fronteiras – Até recentemente, muita gente associava TI a imagem de um computador. O mundo mudou, a capacidade computacional se expandiu e tornou-se praticamente invisível (ubíqua) dentro dos mais diversos aparelhos. As possibilidades 
passaram a ser praticamente infinitas quando tudo isso se conecta.

8. Novas formas de conhecimento – Por muito tempo a proliferação do conhecimento se concentrou em mecanismos formais como escolas e universidades. A forma de distribuição de conteúdo e educação digital deve passar por uma revolução tão profunda quando a indústria de mídia sofreu no passado recente.

9. Terceira revolução industrial – Fábricas e movimentação de mercadorias ganharão outra dimensão com a proliferação de tecnologias como de impressão em 3D.

10. Escritório virtual – Cidades inteligentes trazem uma redefinição do espaço público e privado. Com a cidade coberta por ondas de internet sem fio e uma sociedade da informação, a produção pode ocorrer em movimento a medida que os espaços se transformam em estruturas mais flexíveis para permitir esse tipo de comportamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário