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O novo presidente da Telebras, Jorge Bittar, tomou posse nesta
quinta-feira, 14, com planos ambiciosos. A ideia é transformar a estatal
não apenas em uma empresa de redes, mas de tecnologias estratégicas
para o governo. "Queremos ser a OTT do governo", afirmou.
Mas, para isso, Bittar ressalta que é preciso rentabilizar os ativos da
empresa que hoje apura em torno de R$ 30 milhões por ano. A meta é
turbinar a área comercial da empresa, para que tenha uma ação mais
agressiva em busca de clientes dentro do governo, sobretudo na
construção de redes metropolitanas, que garantirá comunicação segura
entre os órgãos públicos.
Bittar garantiu que os recursos para o satélite e o cabo submarino
estão garantidos para este ano, apesar do contingenciamento. Outra
prioridade da estatal é trabalhar com a Agência Espacial Brasileira no
desenvolvimento de um ecossistema de empresas para oferecer peças,
partes, subsistemas de satélites.
O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, que participou da posse,
disse que Bittar reúne as condições especiais para cumprir a tarefa de
transformar a Telebras em um orgulho para o povo e símbolo de
desenvolvimento e cidadania.
Leia, abaixo, os principais trechos da conversa com o novo presidente da Telebras:
"Cabo submarino para a Europa e satélite são programas absolutamente
estratégicos para o País, são compromissos do Estado, de governo, e não
haverá nenhum retardamento no cronograma do satélite. Até porque é um
cronograma crítico, o satélite, por exemplo, tem o momento preciso, que é
chamado de janela de lançamento, que se é perdida a oportunidade, nova
data pode acontecer seis meses ou um ano depois. Não é uma coisa que se
ajusta com facilidade, além dos custos financeiros desse retardamento.
A previsão é de que o satélite seja lançado no último trimestre de 2016 e que esteja operacional no primeiro trimestre de 2017.
Já o projeto do cabo submarino para a Europa está indo muito bem, já
está na fase final de aprovação pelo governo federal, e tem a ver com
comunicações seguras para o exterior. Além do mais, os recursos para o
cabo este ano não são muito elevados, serão mais significativos no
próximo ano. Mas o cabo não é investimento só nosso, mas também da
parceira espanhola, a Islalink, e haverá também a participação de outros
investidores. Então, os investimentos do governo brasileiro serão
feitos ao longo da implantação do cabo e, portanto, não haverá
descontinuidade. O projeto feito pela Telebras está muito estruturado e
recebeu elogios até da equipe econômica do governo. A lém disso, ele é
estratégico, é parte integrante do Banda Larga para Todos.
Outra grande finalidade do cabo é interligar as redes de pesquisas e
desenvolvimento europeias com as redes sul-americanas. Por causa disso, a
União Europeia vai botar dinheiro nesse projeto, antecipando a compra
de serviços do cabo."
Redes metropolitanas
Os projetos para construção das redes metropolitanas, para garantir
comunicação segura aos órgãos de governo, seguem com os trabalhos de
campo para determinar os trajetos que serão construídos. Do mesmo modo
que o cabo, as redes metropolitanas serão construídas ao longo de um
determinado período de tempo, provavelmente durante todo o governo da
presidente Dilma Rousseff. A empresa vai definir as prioridades de
acordo com as demandas de governo. Um exemplo disso, é que o Ministério
da Justiça solicitou a implantação de uma rede para ligar todas as
unidades da pasta. Então, ele passa a ser um cliente prioritário da
Telebras, e todo o investimento que puder ser feito para criar essa rede
metropolitana será importante. E assim acontecerá com outros órgãos do
governo.
No caso do Ministério da Justiça, onde houver rede da Telebras, os
órgãos serão ligados e, onde não houver redes, a estatal fará parcerias
de uso de infraestrutura ou EILD para que possa atender. Enquanto isso, a
empresa vai construindo a sua rede própria.
A ideia é procurar ministério por ministério para orientar o
planejamento das redes. A empresa vai continuar com sua tarefa de
implantar backbone, mas agora o desafio não é só transportar, mas
prestar o serviço, chegar ao cliente. No caso do governo, ele é um
cliente de varejo e não de atacado, como são os pequenos provedores.
Então tem que chegar lá com qualidade, com segurança, com preços
razoáveis – a empresa está de olho nos preços que o mercado cobra. Ou
seja, todo o esforço nesse momento é para turbinar a área comercial da
empresa. Existe uma gerência só para tratar de governo.
Renda
Para turbinar a área comercial, a Telebras irá ao encontro dos
clientes. Hoje, a empresa, dominantemente, recebe demandas. Mas a ideia é
ir ao encontro dos clientes para que possa, rapidamente, ampliar o
faturamento. Em quatro anos, são apenas 180 contratos e a estatal
precisa ter mais ousadia. Para isso está em construção um novo plano de
comercialização, que deverá estar concluído na próxima semana. A
estratégia é mobilizar os recursos humanos da estatal no sentido de
olhar para as demandas do governo e dos provedores, melhorando as
relações atuais.
A renda anual da Telebras está em R$ 30 milhões por ano, recursos
insuficientes para cobrir os investimentos da empresa. A meta é
rentabilizar os investimentos. Só para o satélite, a empresa necessitará
de R$ 600 milhões para este ano. Para o cabo submarino, a previsão é de
mais R$ 10 milhões.
Outra prioridade da estatal é trabalhar com a Agência Espacial
Brasileira no desenvolvimento de um ecossistema de empresas para
oferecer peças, partes, subsistemas de satélites.
A intenção é fazer da Telebras uma empresa de tecnologia e não de rede,
que possa contribuir para desenvolver plataformas de aplicações para a
educação, para a saúde, para cidades inteligentes, como todas as
operadoras de telecomunicações, que querem se transformar em OTTs. "Só
que o nosso nicho é o governo e queremos ser a OTT do governo", disse.
Mas para isso, é preciso aumentar a rentabilidade da empresa. |
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