MobileTime, Fernando Paiva
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Em operação comercial desde abril de 2014, a start-up brasileira Nubank acumula mais de 400 mil pedidos de emissão do seu cartão de crédito, cuja gestão é feita através de aplicativos móveis (Android, iOS).
A empresa não revela o número exato de cartões emitidos até o momento,
mas garante que os números estão muito acima da meta original. "Nossa
expectativa era atingir 1 milhão em quatro ou cinco anos, mas devemos
alcançar esse número bem mais cedo", informa Cristina Junqueira,
co-fundadora e vice-presidente de marketing, operações e produto do
Nubank. Desde setembro a empresa vem crescendo 60% ao mês. No momento,
há mais de 100 mil pessoas na fila de espera para terem o seu perfil de
crédito analisado. A base está sendo construída sem ter sido gasto um
centavo em propaganda.
O Nubank é um cartão de crédito Mastercard platinum internacional. Um
dos seus diferenciais é não cobrar anuidade. Sua receita provém de uma
participação nas transações realizadas com o cartão (descontada da
tarifa paga pelos lojistas) e da cobrança de juros em caso de
parcelamento ou atraso no pagamento. A taxa máxima cobrada é de 7,75% ao
mês, o que está abaixo da média do mercado, que gira em torno de 13,5%.
E estão sendo feitos testes com uma taxa de 2,75%, que é próxima àquela
de empréstimo consignado.
Outro diferencial é a equipe interna de suporte, composta por gente com
boa formação e inglês fluente. "Temos orgulho do nosso time de
atendimento. Não temos nada terceirizado. Quem atende telefone também
responde email, Twitter etc. É uma versão holística do cliente", explica
a executiva.
A solicitação do cartão é feita através do aplicativo móvel, mediante a
inserção de um código de convite, que pode ser enviado por email por um
cliente atual ou obtido no site da do Nubank. Basta informar o CPF e
enviar fotos de um documento de identificação, além de preencher alguns
dados cadastrais. A aprovação pode levar poucos dias ou meses,
dependendo do perfil de crédito da pessoa. O cartão é enviado por
transportadora e desbloqueado através do app. Toda a gestão financeira e
recebimento de fatura acontece por meio do smartphone.
A maior parte do público é jovem: 80% têm menos de 35 anos. Em termos
de renda, a maioria está concentrada nas classes A e B. Mas há também
usuários com menor renda: tudo depende da análise de crédito feita pela
empresa. "Temos até um estudante que ganha R$ 1 mil e trabalha como
estagiário", relata Cristina.
O banco nu
A ideia de fundar o Nubank partiu da observação de que o mercado
brasileiro estava sendo mal atendido. "Percebemos que havia uma
oportunidade em serviços financeiros. A experiência do cliente no Brasil
é muito ruim, o serviço é muito caro e há pouca competição. Pagamos as
maiores taxas do mundo e temos a pior experiência", relata a
co-fundadora do Nubank. Sobre a escolha do nome, ela explica: "É o banco
nu, sem agências, sem papelada, sem tarifas, sem taxas escondidas. Ou
seja, transparente".
Apesar do nome, cabe ressaltar que o Nubank não é um banco
efetivamente, mas um emissor de cartão de crédito. Para fins
regulatórios, sob a ótica do Banco Central, o Nubank é uma instituição
de pagamento. A empresa segue focada na área de cartões, avaliando agora
outros serviços para a sua base, como a oferta de débito automático e
milhas.
Tecnologia móvel
O Nubank tem hoje uma equipe própria com seis desenvolvedores móveis.
"Não tem nada que eu faça em tecnologia que não seja mobile. 100% do meu
desenvolvimento é mobile", afirma Cristina. O app do Nubank já está
integrado com Apple Watch e Android Wear. A versão para iOS conta ainda
com acesso via Touch ID no lugar de senha. Um desenvolvedor foi
contratado recentemente para construir o app nativo para Windows 10.
Por enquanto não há planos de desenvolvimento de uma solução de
pagamento móvel. Cristina justifica: "O Nubank é uma start-up. Nossos
recursos são limitados, não podemos criar várias coisas ao mesmo tempo. E
pagamento móvel ainda não é algo maduro. Ainda não sabemos qual
tecnologia será predominante. Mas sabemos que é temporário. No futuro,
não vai ter mais (cartão de) plástico. Enquanto isso, vamos observar
para entender qual tecnologia será predominante."
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