“Quando uma pessoa se conecta, isso muda a sua vida. Quando
todas as coisas se conectam, isso muda o mundo”. A frase foi dita por
Marise De Luca, diretora de soluções de transporte da Ericsson para
América Latina, durante o debate sobre M2M e Internet das Coisas (IoT)
que aconteceu nessa terça-feira (14), no auditório Colômbia da 16a.
edição da Futurecom, e resume bem o que podemos esperar do futuro de
possibilidades que essas novas tecnologias permitem explorar.
O carro conectado foi um dos exemplos citado por Carlos Eduardo
Briselli, gerente de marketing e produto da BMW. Já existem atualmente
modelos de automóveis que ficam 100% do tempo conectados e oferecem
conforto, comodidade, inovação e segurança ao cliente – o que cria a
fidelização com a marca e a possibilidade de serviços premium jamais
vistos antes. “O usuário pode receber a ligação da concessionária
afirmando que o carro informou que necessita de troca de óleo ou que
está com defeito no câmbio”, exemplifica.
Também na área automobilística, é possível que surjam serviços mais
personalizados, como no exemplo dado por Frank Meylan, sócio da área de
Information Technology Advisory Services da KPMG, onde o preço do seguro
de um carro pode ser cobrado de acordo com o perfil do motorista. Nem
todo jovem motorista dirige do mesmo jeito, então porque cobrar o mesmo
valor para dois perfis distintos?
Outras indústrias, como a da saúde e energia, também terão benefícios
com a ampliação do uso dessas novas tecnologias. “Estamos nos tornando
uma usina de informações que geram dados que podem ser usados para
entender como as massas pensam”, afirma Avi Alkalay, arquiteto de
informações, da IBM. “As indústrias de transporte, manufaturados,
automóveis, medicina, todas elas estão se digitalizando e aquele que
conseguir fazer um cruzamento entre elas estará no topo.”
Marise também ressaltou que, nesse novo cenário, as empresas terão
que ser mais cooperativas. “Acredito que, nesse contexto, não existe
fronteiras, então não adianta querer proteger o seu espaço. O que existe
é uma indústria em transformação que deverá trabalhar em conjunto.”
Privacidade
Com a Internet das Coisas, uma grande quantidade de dispositivos
serão integrados, bem como uma quantidade massiva de dados de usuários
serão coletados. Com isso, é natural que surjam questionamentos e
preocupações com relação à privacidade dos usuários. De acordo com
Briselli, esse é um ponto delicado que deve ser analisado, mas o
executivo ressaltou que nenhum dado é monitorado sem a permissão do
usuário – e caso o seja, seria para a sua própria segurança.
Ele cita como exemplo uma situação em que há um acidente envolvendo
um carro inteligente. Nesse caso, os dados coletados podem servir para
salvar vidas. Isso porque o sistema de segurança identificaria o momento
da batida e forneceria à empresa dados como: o número de ocupantes no
carro no momento da colisão, as possíveis injúrias causadas e acionaria
automaticamente o serviço de resgate.
Também há a preocupação do usuário que interpreta a coleta de dados
como “as empresas saberão onde estou e o que estou fazendo”, mas Alkalay
ressalta que essas informações pessoais deverão ser analisadas de outra
forma, voltada para pesquisas. “O que interessa não é uma informação do
tipo ‘esse usuário é Avi’ e sim ‘este usuário é um homem de 40 anos’.
Os dados serão mais neutros.”