Intel
A Intel é uma tradicional fornecedora de chips e tem uma disputa
acirrada por espaço no mercado mobile com a Qualcomm e a ARM Holdings
britânica (ver How Intel Is Setting Itself Up to Win in Mobile,
The Motley Fool, 08.dec.2014). Por que a titã de chips está interessada
em IoT? A resposta é muito simples: pela natureza dessa empresa: o que
ela quer com IoT é vender mais chips! Essa é a primeira resposta e agora
vamos “burilar” um pouco mais a resposta. Um dos principais papéis da
Intel na arena de IoT é através de seus pequenos e poderosos chips.
No ano passado, a Intel lançou o seu processador Quark,
e fez uma parceria com a cidade de San Jose (Califórnia, USA) para
demonstração de soluções de gateways de IoT da empresa e do seu
processador Quark (ver Referências do Google
sobre essa parceria). Neese trial, os processadores e gateways da Intel
coletavam as leituras dos sensores que foram instalados na cidade para
rastrear e melhorar a qualidade da água, a poluição sonora e eficiência
dos transportes da cidade (ver Qualcomm vs. Intel: Which Is The Best Internet of Things Pick?, The Motley Fool, 07.nov.2014).
Além do seu interesse em vender mais chips, a Intel também tem muito interesse no segmento de tecnologia vestível (ou wearable technology) (ver Intel Evangelist Steve Brown on the Future of Wearable Technology, You Tube, 19.mar.2014; Intel Developer Forum Live Keynote, Dailywireless, 09.sep.2014; Brian Krzanich (Intel´s CEO), shared Intel’s vision for the future, Intel Studios, September 2014; e The big interview: Wearables aren't 'just something for computer people', says Intel new devices boss, Pocket-lint, 15.sep.2014). A Intel também está apostando na área de saúde com tecnologia vestível da sua tecnologia Basis (ver Tecnologia "Vestível": A revolução da Internet das coisas na Saúde, Convergência Digital, 05.nov.2014).
Recentemente, a Intel teve uma boa notícia na área de tecnologia vestível. Ela irá fornecer os chips para o famoso Google Glass do gigante Google (ver Google Glass deal could add credibility to Intel’s mobile comeback plan, Rethink Research, 04.dec.2014; Intel’s new partnership brings us closer to Google Glass Ray-Bans, GigaOM, 03.dec.2014; e Intel chips may be in the next Google Glass, report says,
Venture Beat, 01.dec.2014). O mercado aposta que este negócio poderá
adicionar credibilidade a estratégia da Intel no mercado “mobile” (ver Google Glass deal could add credibility to Intel’s mobile comeback plan, Rethink Research, 04.dec.2014).
Uma outra área de muito interesse na Intel é o setor de “big data”
(na verdade “big data” interessa à Intel e a torcida do Corinthians e
do Flamengo “together” (rs)). A Intel fez uma parceria com a Cloudera
(ver Intel makes major big data play, partners with Cloudera, Forbes Magazine, 27.mar.2014) em função da plataforma Apache Cloudera muito utilizada em “big data” (ver What is Intel's role in the internet of things?: Company's IoT guru reveals all, TechRadar, 20.jul.2014). Uma das áreas de “big data” que a Intel está investindo é em “cidades inteligentes” com a empresa INRIX (ver A Internet das Coisas terá um papel fundamental nas Cidades Inteligentes, Convergência Digital, 25.nov.2014).
A Intel também não está fora da disputa pela definição do protocolo
padrão de IoT. Ela é um dos “carros chefes” do protocolo do consórcio
OIC (ou Open Interconnect Consortium),
congregando empresas como Cisco, Intel, Mediatek e Samsung, entre
outros e, trava uma disputa com os grupos da Qualcomm e Google que
defende outros protocolos. A Qualcomm aposta no protocolo AllJoyn juntamente com a Cisco e, a Google “corre por fora” com o protocolo Thread (ver Thread Group)
que também inclui a Samsung e a arquirival da Intel, a ARM Holdings.
Para mais detalhes sobre a disputa de protocolos de IoT ver a matéria Internet das Coisas: Uma “Babel” de Protocolos!, Convergência Digital, 23.set.2014.
No início de dezembro desse ano, a Intel anunciou as suas “novas
armas” para a disputa na arena de IoT: o seu novo “ecossistema” para
IoT: Intel details end-to-end platform to drive Internet of Things ecosystem, V3 News, 09.dec.2014; Intel shows off its own 'Internet of Things' platform, Engadget, 09.dec.2014; Intel IoT Platform, Intel; e Video of Intel IoT Platform Chalk Talk with Brian McCarson, Intel. Com essa plataforma a Intel marca um “importante gol” na arena da IoT!
Com essa plataforma de IoT, a Intel fez uma ampla gama de movimentos
para estabelecer sua arquitetura na “nascente” IoT, e tentar despistar
seu competidor ARM Holdings a qual parece, pelo menos no papel, o “lar”
natural do “expert” de baixa potência. Mas a batalha vai ser um dura,
com ambos os lados tentando alavancar seus pontos fortes tradicionais.
Vamos ver como as coisas vão evoluir com o “andar da carruagem” da IoT.
A Intel também tem interesse no mercado corporativo. Ela está
utilizando a sua plataforma abrangente de IoT em aplicações corporativas
para coletar informações dos sensores e processá-las, como também
explorar negócios de “big data” (ver Intel glues together its Internet of Things platform for big customers, Venture Beat, 09.dec.2014 e Doug Davis (Intel, IoT Head) Video on 2014 Internet of Things World Forum, October 2014).
Para ampliar sua atuação, evangelizar e desenvolver novas aplicações
em IoT, a Intel tem estabelecido parcerias diferenciadas com vários
players incluindo Accenture, Booz Allen Hamilton, Capgemini, Dell, HCL,
NTT Data, SAP, Tata Consultancy e Wipro (ver Intel builds Internet of Things alliance, hoping for sales spike in 2015, Silicon Valley Business Journal, 11.dec.2014).
Qualcomm
Tem analistas de mercado que acreditam que a Qualcomm é um melhor
investimento a longo prazo que a Intel em IoT por duas razões. Primeiro,
a empresa domina completamente o mercado mobile, enquanto a Intel tem
lutado bastante para voltar a ter seu espaço nesse mercado mobile. As
conexões de IoT funcionarão da mesma forma que as conexões móveis que a
Qualcomm já faz atualmente, apenas com "coisas" menores e até mesmo mais
conexões.
Isso significa que há muito potencial para a Qualcomm realizar
facilmente uma transição da sua tecnologia para as conexões de IoT (ver Qualcomm vs. Intel: Which Is The Best Internet of Things Pick?,
The Motley Fool, 07.nov.2014). Eu particularmente não concordo com
estes analistas! Acredito mais na proposta de IoT da Intel – e também da
Cisco - principalmente após o anúncio da plataforma de IoT da Intel
recentemente (ver Intel details end-to-end platform to drive Internet of Things ecosystem, V3 News, 09.dec.2014). Vejo a ação da Intel em IoT mais sistêmica que a da Qualcomm!
A Qualcomm acredita que as montadoras estão acelerando bastante os
esforços para incorporar a tecnologia móvel nos veículos superando as
áreas de saúde, educação e as empresas de smart home (ver Qualcomm CEO talks Internet of Things,
UT San Diego, 06.nov.2014). Isso pode significar um prenúncio que a
Qualcomm vai apostar muito na área de carro conectado (ver "Carro Conectado": Você ainda vai ter o seu!, Convergência Digital, 13.mar.2014) no segmento de IoT.
A Qualcomm também está atuando no segmento de relógio inteligente com sua tecnologia Toq (ver Qualcomm Steps Up Attack on Internet of Things, The Wall Street Journal Digits, 20.nov.2013). Ver mais aqui sobre a tecnologia “vestível” da Qualcomm aqui nas Referências do Google.
A empresa está ampliando o seu potencial para “encurtar” caminho em IoT
através de aquisições estratégicas. Recentemente, ela adquiriu o
fabricante de chips britânico CSR (ver Qualcomm snaps up British Internet of Things chipmaker CSR, ZD Net News, 15.oct.2014).
Em relação ao protocolo de IoT, a Qualcomm e a Intel tomaram caminhos
diferentes - como era de se esperar - pela disputa destes dois grandes
fabricantes de chips no cenário dos protocolos de IoT como já mostramos
na seção anterior da Intel (ver Qualcomm, Intel in standards battle, UT San Diego, 10.jul.2014). A Qualcomm (juntamente com a Cisco, Microsoft, LG e outros) apostam no protocolo AllJoyn (ver Internet das Coisas: Uma “Babel” de Protocolos!, Convergência Digital, 23.set.2014).
Cisco
A Cisco – juntamente com a Intel e a Qualcomm – é também um player
forte no cenário de IoT. Ela “defende” seu conceito de “Internet of
Everything” (ver Moving from the Internet of Things To The Internet of Everything, Intelligent HQ, 06.dec.2014 e The Internet of Everything: How More Relevant and Valuable Connections Will Change the World, Cisco, Dave Evans, 2012).
Recentemente, a Cisco apresentou a sua estratégia para acelerar a velocidade de adoção de IoT com sua estratégia “fog computing”
que torna possível que os sistemas operacionais de terceiros, tais como
Linux - e aplicações de software da indústria – sejam executados
diretamente em seus relevantes Produtos/Plataformas de serviços das
redes de IoT.
A estratégia “fog computing”
estende a nuvem de produtos/serviços de computação para a borda da
rede. Essa capacidade é essencial para soluções de IoT, onde as
aplicações, os produtos/serviços de armazenamento e de computação
precisam residir mais próximos as "coisas", como sensores e dispositivos
(ver Cisco Offers Strategy To Speed Internet of Things Adoption, CIO Today, 17.oct.2014).
A Cisco acredita que algumas indústrias, como a manufatura,
concessionárias de energia e transporte estarão maduras para a disrupção
em IoT, e as outras vão demorar um pouco mais. Mas o efeito do negócio
de IoT será amplo e profundo (ver Top IT vendors reveal their IoT strategies, Network World, 15.sep.2014).
Como a Intel, a Cisco também está apostando em análise de dados em
tempo real – leia-se “big data”. A Cisco entende que a análise em tempo
real é importante para empresas de exploração de petróleo – empresas
tipo “fura-poço” terminologia que está atualmente na moda com a Operação Lava-Jato no Brasil – que podem ter um grande diferencial na tomada de decisão em tempo real (ver Cisco Adds Big Data to Its ‘Internet of Everything’ Push, Bloomberg, 11.dec.2014 e Cisco Unveils Big Data Software to Boost Internet of Things Strategy, Tech Times, 13.dec.2014) ... interessante!
Um exemplo interessante na Cisco em IoT no segmento de transporte é o caso do Porto de Hamburgo na Alemanha (ver City of Hamburg and Cisco Launch Plans for Smart City of the Future and Lay Foundation for a Partner Ecosystem,
Cisco, 30.sep.2014). A empresa que gerencia este grande porto alemão
está construindo o que eles chamam de “Smart Port” (ou Porto
Inteligente). Literalmente ela vai incorporar milhões de sensores de IoT
em tudo, desde sistemas de movimentação de contêineres até as luzes de
rua - para fornecer dados e capacidades de gerenciamento do movimento
das cargas através do porto de forma mais eficiente, evitando o
“engarrafamento” de cargas no porto, e até mesmo prever os impactos
ambientais através de sensores que respondem a poluição sonora e
atmosférica.
Um projeto magnífico de IoT! Esse exemplo pode ser ampliado para
outros segmentos de indústria com grandes pátios, como por exemplo, o
segmento de metalurgia, cimento, petróleo, etc! Um bom “business”!. Ver
mais sobre Cisco em IoT aqui: Padmasree Warrior (Cisco, CTO) Video on 2014 Internet of Things World Forum, October 2014 e John Chambers (Cisco, CEO) Video on 2014 Internet of Things World Forum, October 2014.
Para conhecer os principais players de IoT ver: Key Internet of Things Players: Large, Postscapes e The Top 50 Corporate IoT Websites in the World,
December 2014. E ... pelo o que vimos aqui do que a Intel e a Cisco
estão fazendo em IoT, concluímos sem grande esforço que a nossa
frase-título desta matéria não passa de uma mera “bravata”!
Eduardo Prado é consultor de mercado em novos negócios, inovação e tendências em Mobilidade e Convergência.
E-mail: eprado.sc@gmail.com
Twitter: https://twitter.com/eprado_melo