sexta-feira, 11 de abril de 2014

Uso dos postes: Provedores querem se aproximar das distribuidoras de energia

 

Convergência Digital
:: Por Roberta Prescott e Ana Paula Lobo - 10/04/2014

Os provedores Internet querem criar um novo modelo de negociação com as distribuidoras de energia, responsáveis pelos postes - ponto-chave - para a instalação de infraestrutura e de fibra óptica. A proposta passa até pela criação de um consórcio de provedores Internet, que poderia ser liderado pela Abranet. "Temos que encontrar uma maneira de simplificar o acesso ao poste. Precisamos criar um modelo de negócios que seja bom para nós, mas também bom para as distribuidoras", explica o presidente do Conselho da Abranet, Eduardo Parajo.

Durante painel na 8ª edição do Encontro Abranet, que discute os desafios e as oportunidades para os profissionais de internet, Sheila Brito, gestora de clientes da AES Eletropaulo, explicou que, atualmente, a concessionária cobra R$ 10 por ponto para o cliente que possui entre um e mil pontos. O montante cai para R$ 5 para aqueles que têm entre 1.001 e 5.000 pontos e diminui para R$ 3,90 para quem tem acima de 5000 pontos.

Sheila Brito admitiu que saber exatamente quem são os ocupantes de cada poste ainda é um desafio para a concessionária. Hoje, a empresa está fazendo um levantamento de todos ocupantes com o objetivo de ter maior controle sobre quem está usando sua infraestrutura. “Temos muita dificuldade quando precisamos remover postes nas redes e, às vezes, não temos cadastrados junto à Eletropaulo que são os ocupantes. Não podemos simplesmente retirar as fibras – isto tem de ser responsabilidade das operadoras”, argumentou.

Cada poste da AES Eletropaulo comporta até seis ocupantes e é preciso fazer para cada um deles o cálculo de esforço na rede. A empresa que quiser ocupar um poste precisa enviar uma solicitação à concessionária e seguir as regras e os procedimentos estabelecidos. Os novos ocupantes devem apresentar, além da documentação necessária, o projeto de traçado de toda a rota, que será analisado para saber se há ou não pontos já com capacidade de compartilhamento esgotada. Também é feito o cálculo de esforço na rede, porque, dependendo do peso, a Eletropaulo pode aprovar ou não o compartilhamento.  

De acordo com Sheila Brito, no projeto, o cliente precisa apresentar quantos pontos serão instalados e toda vez que desejar adicionar pontos extras deve entrar com novo projeto e renovar o contrato. Um ponto de dificuldade para quem faz o traçado é saber quais postes já estão preenchidos, o que é divulgado apenas depois de apresentado o projeto. “Normalmente, a área técnica informa se a rota está ocupada e se necessita de alternativas”, afirma.

Para Edmundo Matarazzo, sócio-diretor da Matarazzo & Associados, é imperativo que as distribuidoras de energia tenham um cadastro atualizado dos ocupantes da rede. “A empresa de energia elétrica não pode colocar recurso nisto, até porque se o fizer isso terá de ir para a conta da modicidade tarifária. Mas, se puder ser ressarcida de alguma forma, até poderia fazer isto”, explicou.  Na opinião dele, se houvesse maior flexibilidade permitindo que esta atividade pudesse ser remunerada, o tratamento dado aos provedores e fornecedores de serviço de telecomunicações fosse diferente. O uso dos postes pelas empresas de telecomunicações é uma negociação que se arrasta entre as agências reguladoras Anatel e Aneel. No ano passado, se tentou costurar um acordo - o preço de referência para conflitos foi fixado em R$ 2,44 - mas, até o momento, esse acerto não foi regulamentado. 

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