:: Luís Osvaldo Grossmann - 09/10/2012
Enquanto o setor de telecomunicações ainda não despertou para o potencial de negócios das redes inteligentes de energia elétrica, as distribuidoras de energia correm atrás de soluções próprias. Mas exigem mudanças regulatórias, especialmente na modicidade tarifária, que viabilizam a aposta em novos negócios.
“No momento em que as elétricas estão com a contabilidade apertada, é condição sine qua non contar com financiamentos específicos e mudanças no aparato regulatório, onde há gargalos. Hoje, a regulamentação é muito restritiva, pois 90% das receitas com outros negócios são capturados para a modicidade”, explica Marco Delgado, da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee).
A proporção, considerada “pesada e inibidora de investimentos” está em discussão no governo federal. Ou, pelo menos, faz parte de uma proposta do Ministério das Comunicações que prevê novos parâmetros – em especial, o Minicom defende que 30% das receitas extras (fora do negócio energia) sejam capturadas para a redução de tarifas. Os outros 70% ficariam como incentivo.
Para o setor elétrico, qualquer mudança nesse sentido é bem vinda, ainda que não resolva a necessidade de investimento: as projeções apresentadas pela Abradee situam os aportes necessários entre R$ 45 bilhões e R$ 90 bilhões nos próximos 15 anos para o desenvolvimento do smart grid, a rede inteligente de energia. Daí os tais “financiamentos específicos” mencionados.
O tema do smart grid foi objeto de um painel durante a Futurecom 2012 – e nele o que ficou mais evidente é a imensa distância entre planos e necessidades das teles e das elétricas. Boa parte dos presentes confia que as empresas de energia vão, naturalmente, optar por soluções de serviços providos, especialmente, da telefonia móvel. Mesmo assim, não se movimentam para tal.
“Energia manterá seu core business, o que é uma oportunidade significativa para fabricantes e operadoras”, aposta Valter Teixeira, da RAD Data Communications. “Nas residências, a solução ideal é usar a rede sem fio, 3G. O melhor é usar as redes celulares”, emenda Marcelo Ceribelli, da divisão de serviços de Internet da Qualcomm.
Mas há quem discorde. "As operadoras não acompanharam as necessidades, e as empresas de energia resolveram não esperar e criar suas próprias redes. As elétricas não querem mais escutar o que as operadoras de telecom têm a oferecer porque elas só têm produtos de prateleira. Mas energia precisa de um modelo específico", sustenta o diretor geral da WKA, Aloisio de Carvalho.
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