terça-feira, 9 de outubro de 2012

Operadoras podem perder oportunidade de atender smartgrid




Tradicionais fornecedores de telecomunicações não conseguem atender às demandas do setor elétrico. Regulação ainda desistimula parceria entre os setores no país

Fabricantes de equipamentos, fornecedores de softwares e serviços e operadoras de telecomunicações podem perder a oportunidade de atender às empresas do setor elétrico que caminham para ter redes inteligentes, o chamado smartgrids. A opinião é de Aloisio Augusto de Carvalho, presidente da fornecedora de equipamentos WKA, que participou nesta terça-feira (9) de debate sobre o tema na Futurecom 2012, no Rio de Janeiro. 

Segundo ele, as empresas que tradicionalmente atendem telecomunicações estão ofertando produtos de prateleira para o setor elétrico, o que não atende às necessidades do segmento, de forma que a alternativa é criar redes próprias e investir em pequisa e desenvolvimento. “Quando chove e as empresas de energia têm maior demanda, é justamente quando as pessoas mais estão usando o telefone. A rede fica congestionada”, diz Carvalho.

Em sua opinião, as redes GPRS serão usadas apenas para redundância, sendo que as operadoras de energia elétrica passarão a oferecer suas redes para as demais empresas de infraestrutura, entre elas saneamento básico e tráfego de veículos. “Essas empresas têm confiabilidade, disponibilidade e segurança. Podem oferecer isso para os demais”. A questão da necessidade de segurança nas redes smartgrid foi destacada por Valter Teixiera, da RAD Data Communications. “Se na área mais próxima ao cliente final as oportunidades [de negócio] não estão tão próximas, quando se fala em segurança da rede há oportunidade imensa”, afirma.

O estabelecimento de parcerias entre empresas de telecomunicações e de energia também são desestimuladas pelo modelo de regulação do setor, na avaliação de Marco Delgado, diretor da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee): “Do total da receita vinculada ao compartilhamento de infraestrutura com empresas de telecomunicações, 90% é contabilizado na conta para reduzir a tarifa de energia elétrica. Esse percentual  desestimula a dedicação, planejamento pelas empresas que precisam assumir um risco”, diz.

Para eliminar esta barreira, o setor elétrico mantém um pleito junto ao órgão regulador para alterar este patamar e agora busca sensibilizar o setor de telecomunicações para esta questão. “Colocar a questão neste foro de debate [Futerecom] é importante para que o movimento aconteça. Existe mercado para parcerias”, avalia Delgado.



Desenvolvimento nacional para smart grid

O desenvolvimentos de soluções específicas para smartgrid deve frutificar no mundo nos próximos anos e o Brasil não quer ficar para trás. Hoje há pelo menos 10 empresas fornecendo medidores digitais de rede e este número deve aumentar rapidamente, de acordo com Paulo Gomes Castelo Branco, diretor da área de telecomunicações da Abinee. “Temos pelo menos mais dois associados candidatos a entrar neste mercado e um importando equipamentos. Atualmente existem cerca de 9 milhões de equipamentos instalados no país que precisarão ser atualizados”, diz. 



Mas para se inserir na produção e desenvolvimento de equipamentos e soluções de smartgrid de forma qualificada o Brasil vai precisar de apoio do governo e é justamente isso que o Ministério do Desenvolvimento Econômico Indústria e Comércio (MDIC) está avaliando. 

“Temos discutido com Ministérios e agências como aproveitar a oportunidade de investimento em smartgrids para gerar competência tecnológica e ter empresas produzindo essa tecnologia no Brasil, nos vários segmentos”, afirmou Nelson Fujimoto, do MDIC. 

Ele citou o programa TI Maior como uma das iniciativas de estímulo a esta indústria, mas entende a necessidade de avançar. “Um primeiro aspecto é propiciar maior adensamento da cadeia de valor, verificando o que temos e o que não temos no Brasil e evoluir. O segundo aspecto é a questão da inovação e incentivo à pesquisa, ter geração de conhecimento e tecnologia nacional para enfrentar o desafio que se coloca para o futuro”, afirmou.

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